Motivada pela leitura do texto "Em que mundo você vive?", publicado no site da Carta Capital no último dia 10, resolvi escrever essas linhas.
O assunto em questão é eleição, mas não apenas ela. Explicando... Falarei de eleição porque esse é o assunto em pauta, todavia devemos ter a consciência que falar em eleição é falar do país, da sociedade e de nós mesmos como cidadãos.
Com o advento da Constituição Federal em 1988, o Brasil passou a ter uma série de novidades em relação à política, daí por diante adotaríamos o presidencialismo e trocando em miúdos - passaríamos a eleger indiretamente nossos representantes. Pois bem, por isso que falar de eleição é falar de nós mesmos e do Brasil.
Estamos vivendo o apocalipse (guardadas as devidas proporções) da política brasileira, o momento do juízo final, quando julgamos as pessoas que se apresentaram ou se apresentam como opções no pleito deste ano. Agora é a hora de vir a tona tudo de bom e de ruim sobre os partidos e seus representantes! Sobre isso pensemos nos candidatos já eleitos em primeiro turno, e em alguns resultados desastrosos para nossa democracia e sociedade, pelos quais iremos pagar pelos próximos 4 anos. Faça essa reflexão, por favor!
Seguindo...
Quero comentar em especial a corrida presidencial no momento. E aqui espero deixar a minha impressão sobre ela em específico, a minha posição em relação ao Brasil de ontem e de hoje, já que a realidade desses "Brasis" no atinge diretamente.
Primeiro uma constatação bem simples: o PT não inventou a corrupção. Ela já existe há bastante tempo. Outra coisa, se ela existe e nós não tínhamos notícia dela, o que estava acontecendo, onde ela estava escondida? E a terceira e não menos importante informação; qualquer partido que esteja no poder terá que fazer concessões para conseguir viabilizar suas propostas, porque nosso sistema de governo e jurídico é composto de leis, que são aprovadas pelas Casas Legislativas, onde nossos representantes legislam "a favor do país". Esses apoios são fundamentais para qualquer líder do executivo, pois sem eles fica impossível implantar qualquer coisa.
Portanto, pense bem! Essas pessoas que elegemos no 1º turno precisam ser coerentes com a ética e a cidadania, pois delas dependerão o andamento das políticas públicas no país pelos próximos anos.
Agora quero chamá-lo a uma pequena retrospectiva na realidade brasileira. Para quem vivenciou ou ouviu falar da situação econômica, social e cultural do Brasil há anos atrás.
Eu lembro que quando criança, ouvia muitos adultos contestar a agruras pelas quais passavam diariamente. Os juros altíssimos, a inflação, a dificuldade social que enfrentavam. Ah, e sobre a corrupção também! Já diziam que o brasileiro não tinha jeito, e o Collor já tinha sido expulso do poder. O Brasil era um país rico de reservas naturais (repetiam), mas a população sofria bastante principalmente a maioria que era pobre. O clamor nas ruas era por um governo que olhasse para eles, os menos favorecidos. Aí veio o PT, sim esse PT que agora para muitos é sinônimo apenas de escândalos de corrupção. O PT trouxe Lula e depois Dilma e com eles políticas públicas voltadas para os cidadãos esquecidos desse país. E muitos deles Nordestinos, que sempre reclamaram de fazer parte da região escanteada do Brasil.
Nos últimos anos eu vi esquemas de corrupção serem divulgados e desmontados, vi eles serem investigados e não jogados para debaixo do tapete como o caso "PC Farias". Eu vi políticas sociais (que muitos criticam por serem assistencialistas) ajudarem às pessoas mais humildes terem um pouco de dignidade humana. E digo mais, esse é um preceito fundamental no Brasil, visto que toda a Constituição de 88, é norteada pelo Princípio da Dignidade Humana, sendo o governo obrigado a levá-lo em consideração no âmbito político e administrativo.
O que eu presenciei nos últimos anos talvez não conte muito para você, que sempre teve condições favoráveis para se desenvolver na vida. Mas saiba que mudou a vida e a perspectiva de muitos brasileiros, que hoje podem sonhar com um futuro mais digno. Um bom exemplo disso são as políticas de cotas raciais e sociais, que apesar de não ter sido beneficiada em nenhuma delas, eu reafirmo que conseguiu inserir muitos jovens e adultos na Educação e, com ela trouxe a cidadania para essas pessoas. Algo nunca antes visto neste país.
Existe hoje um novo Brasil, que ainda enfrenta muito problemas, é verdade, mas que já avançou bastante em muitos aspectos. Eu acredito que temos ainda uma capacidade limitada de reflexão sobre coisas do nosso dia a dia. Na grande maioria das vezes, o que vejo são discursos superficiais sobre pontos específicos da administração. Somos nós analisando uma realidade macro, a partir de pensamentos micros. Cada um pensando em si mesmo e em seu umbigo.
Então, relembremos o conceito básico de sociedade. Conceito simples, que encontramos no Google mesmo numa pesquisa rápida. "Uma sociedade humana é um coletivo de cidadãos de um país, sujeitos à mesma autoridade política, às mesmas leis e normas de conduta, organizados socialmente e governados por entidades que zelam pelo bem-estar desse grupo". Ele pressupõe uma união em torno do bem de todos ou da maioria. Agora eu te pergunto: Estamos votando em benefício da sociedade ou em benefício próprio?
Recentemente vi um comentário de uma amiga no facebook que me deixou indignada. Ela comentava que uma mãe denunciava a insatisfação com o governo atual. Sua justificativa era de que seu filho não precisava apenas de Educação. Está certa, não apenas necessita disso, mas não éramos nós mesmos, influenciadas em grande parte pelos grandes intelectuais desse Brasil, que gritava aos quatro ventos há anos, que o Brasil só iria pra frente quando déssemos valor à Educação?
Então, de alguma forma, acho que encontramos o caminho.