quarta-feira, 18 de junho de 2014

Já era amor antes de ser

Artigo
Por Milena Chaves



Ah, o amor ele não têm porquês, simplesmente acontece... Já repetia um adorável professor que tive na Universidade. Quem nunca suspirou por uma louca paixão ou até mesmo não sonhou em ser arrebatado por um sentimento tão ensurdecedor como o amor? Muito se fala sobre ele... Dizem que o amor pode ser único na vida, que pode ser reinventado ou vivido várias vezes entre as mesmas pessoas, ou entre pessoas diferentes! São tantas as teorias sobre o amor...

Dizem até que o amor é fogo, que arde, mas que ninguém ver! Contraditório? Isso é o amor. Amamos sozinhos, acompanhados. Amamos ardendo ou gelados. Amamos pertinho ou à distância. A gente ama sorrindo, muitas vezes chorando. Gritando e até mesmo calados! Amamos de tantas maneiras... São muitos os amores ou será apenas amor? E até a falta do amor nos aflige, pois quem nunca deixou sua alma flanar em busca de uma sensação só descrita por amantes, e em meio aos suspiros causados, desejou amar e ser amado? Quem aí nunca se pegou suspirando embalado por aquela linda canção de amor? Todos nós queremos sentir algo inexplicável e imensurável capaz de preencher e ao mesmo tempo deixar espaços imensos dentro de nós. Eu já ouvi falar que o amor é transformador e poderoso. Que só  ele transcende e  purifica, que invade e permanece, liberta e aprisiona, mata e cura. O amor é poético!

Às vezes penso que toda nossa vida é pautada nos amores que tivemos ou gostaríamos de ter, pois algumas pessoas passam a vida ao lado de alguém, mas não sabem o que é amar de verdade. Já outros vivem uma única história, que pode lhe render as mais densas memórias para o resto de suas vidas, pois, não importam os anos, certas coisas simplesmente permanecem, guardadas dentro de nós.

Quem nunca sonhou viver um amor? Ele nos encanta, fascina. Muitos querem senti-lo mesmo quando não correspondido. É, porque esse sentimento parece nascer solitário, sozinho e recolhido (ali esperando ser notado), mas poderá ele sobreviver assim? Algumas pessoas passam muito tempo nutrindo um sentimento por alguém, e esse tal nem desconfia que aquele amor existe. Disseram-me certa vez que ter um amor correspondido é sorte, porque em algumas vezes falta a coragem necessária para declarar-se ao outro.

Nos dias de hoje o amor se revestiu de ares modernos, é bem verdade, são notadas e em algumas vezes, “permitidas” muitas formas de amar. Mas, foi o amor que mudou ou o jeito de amar? Há quanto tempo questionamos as razões do amor, esse dilema existe desde quando? São tantas as dúvidas... É que falar de amor é uma experiência de interrogações infindáveis, sentir e vivê-lo é... Bem, me desculpe caro leitor, eu não fui capaz de decifrar tais palavras.

Sem falar no mito do amor romântico, que me parece ter entrado na sociedade na Idade Média (li essa informação no livro “Quem me roubou de mim, de Fábio de Melo), e na literatura por meio do conto de “Tristão e Isolda” (que diga-se de passagem o filme eu já assisti umas 10 vezes). “O mito do amor romântico é muito mais que uma forma de amor. É todo um conjunto psicológico, tecido de expectativas e idealizações onde pessoas e realidade são inseridas. Nele, a pessoa amada é vista, de forma inconsciente ou não, como a primeira responsável pela satisfação dos desejos e necessidades de seu amante” (trecho do livro citado acima, de Fábio de Melo). Portanto, quando um indivíduo vive algo importante e marcante em sua vida (emocional, psicológica, amorosa), um grande potencial inconsciente emerge. Esse fenômeno acaba por incorporar-se ao inconsciente coletivo de um povo, fazendo surgir novas crenças, mitos, que permanecerão por bastante tempo naquela cultura. Ou seja, o amor pode também ser uma construção histórica e cultural. Daí o fascínio que os contos de fadas causam em nós.

Poderíamos falar tanto sobre o amor, e ainda assim haveria inúmeras linhas para serem escritas. É tema inesgotável esse tal de amor! Sempre foi e sempre será.

Li recentemente uma entrevista com o psicanalista Jacques Allain Miller sobre “O amor e a psicanálise”. Na verdade, ela não sanou nenhuma das milhares dúvidas que tenho sobre o assunto, muito pelo contrário. Mas pude perceber o quanto o amor causa impacto (não apenas em nossos corações), aos estudiosos e à ciência, e apesar disso, jamais conseguiu ser ele destrinchado. Falar de amor é um troço estranho! As mãos escrevem, o cérebro pensa e o coração sente, a barriga remexe, os olhos brilham... Dá uma sensação de querer amar e ser amada, isso só o amor é capaz de produzir. E olhe que estou apenas escrevendo sobre ele! 

No entanto, tudo isso são apenas suposições, até porque na vida real não existem fadas, e tampouco usamos sapatinhos de cristais. Nossos cavalos quando brancos, são mancos. O amor humano, esse que somos capazes de desfrutar é imperfeito. Todavia, você já ouviu falar que o amor nasce é das imperfeições? Eu já. 

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