terça-feira, 20 de outubro de 2015

Os amores que Rosa sonhou ter


Crônica

Rosa era uma jovem mulher (sem idade, mulheres não precisam desse número), pele morena, cabelos longos e sedosos e olhos castanhos. Seus pais já não existiam, seus irmãos ela nunca mais tivera notícias. Mulher inteligente, letrada e amante de poesias. Vivia uma vida comum, mas a sua forma de ver o mundo não era nada comum. Ela tinha uma maneira realista de pensar, e isso era demais para uma mulher, o que segundo ela, lhe roubara a ilusão de ser amada.

Rosa tinha quatro homens. E toda sexta-feira um deles a visitava em sua residência na Rua Vermelha, uma casa arejada, onde morava sozinha há tempos. Ela recebia e bem para ser exclusiva, daquele que seria seu homem na sexta-feira. Não precisava trabalhar, o que lhe pagavam dava e sobrava para as despesas; era uma mulher abastarda e dinheiro nunca foi problema. A solidão sempre fora!

Em sua cabeça, Rosa achava que aqueles homens a amavam; porque recebia flores, carinhos, atenção. Na cabeça de mulher dedicar cuidado a alguém demanda sentimento. Coisa que ela tinha certeza não seria possível em uma relação comum. Era isso que as poucas amigas que ela tinha lhe falava, seus maridos só tinham olhos pras outras mulheres, pra bebida e pro amigos. Era uma solidão acompanhada! Não case, Rosa. Elas lhes diziam, o casamento não traz felicidade à vida da mulher. Sentenciavam!

Assim, Rosa fazia da sua vida amorosa uma novela de uma semana só, ela se apaixonava toda sexta-feira pelo seu homem e gostava de fantasiar viagens a trabalho. Passava a semana sonhando e se iludindo por um de cada vez, De sábado até a quinta seguinte ( quando o outro viria), os pensamentos e devaneios amorosos lhe preenchiam o tempo. Seus homens chegavam sempre cheios de amor pra dar, iam embora jurando amor e saudades infindáveis.

Se para ela cada semana era como um capítulo de uma vida acompanhada, para suas amigas casadas a solidão a dois lhes atravessava a alma. 

No fundo o que Rosa queria era um marido pra chamar de seu, mesmo que ele desejassem as outras, a cerveja e os amigos. Ela não assumia, mas invejava a vida das amigas. Era essa vida que ela desejava ter! Já as amigas, diziam a si mesmas: "Ah, a Rosa é que é feliz. O casamento não nos satisfaz, nossos homens sonham mesmo é com uma Rosa pra chamar de sua". Seus encantos são devastadores...

Moral da estória: feliz não é a Rosa, nem as amigas. Feliz é o homem que tem a esposa, a cerveja, os amigos, e a Rosa. E não tem que prestar conta do tanto que tem e não sabe e nem precisa dá valor. 

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