quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Pessoas de papel


Quem acompanha meus textos sabe: adoro escrever a partir de frases ou pensamentos que encontro por aí. Isso acontece muito quando assisto filmes que me tocam. Desde criança o cinema me fascinou, acho uma forma de arte completa, porque abrange o visual, o áudio e transmite muita emoção.

Não tenho dúvidas do poder que uma produção da 7ª arte pode ter na vida de alguém, em seus mais variados processos filosóficos, culturais e humanos. É assim comigo!

Hoje trago uma frase que recentemente me causou rebuliço na alma; palavras que ouvi do personagem principal do filme "Cidades de Papel", lançamento de 2015 e que fez sucesso há bem pouco tempo nos cinemas.

A frase: "Que coisa traiçoeira acreditar que uma pessoa é mais do uma pessoa".

Bem, essa é realmente uma frase de efeito, e como tal por si só já desperta uma gama de sentidos e emoções na cabeça de quem a ouve. 

Sei que cada um ao ler ou ouvir essas palavras serem despertadas vai pensar em algo, vai ter uma reflexão, o gatilho emocional funciona muito em particular. Faço aqui umas das inúmeras reflexões que o meu intelecto me permitiu e que a experiência de assistir ao filme nos possibilita.

Isso acontece muito, e atualmente ainda mais. Pensemos nessa fase facebookiana em que vivemos! Muitos de nossos amigos são mais virtuais que cotidianos, nossa realidade tem mudado... Vivemos cada vez mais interligados pela internet e sozinhos na prática.

Às vezes nosso primeiro contato com alguém é totalmente virtual; vemos fotos, frases, vídeos e traçamos um perfil para aquela pessoa. Parecemos tão perfeitos aos olhos dos nossos "amigos" virtuais e eles aos nossos. Os defeitos, apagamos ou ignoramos, é assim para quase todo mundo.

Em muitos momentos vivemos o mito da perfeição. E chegamos a acreditar que uma pessoa é mais que uma pessoa. Isso acontece o tempo todo, porque no mundo virtual somos quem desejamos ser, as realidades são alteradas por um photoshop, um filtro ou simplesmente um ângulo melhor.

É estranho pensar que nos produzimos muito além do que somos e que os outros fazem isso para nós! É como se não pudéssemos ser quem somos, ou se para agradar alguém , nós fingíssemos ser alguém melhor, mais bonito, mais rico, mais inteligente. Mesmo sem querer!

Mas, no filme, ou no dia a dia, sempre tomamos sustos com o real - que teima em nos enfrentar e confrontar. E descobrimos que nem nós somos aquela perfeição que desejamos ser, nem o outro têm aquelas infinitas qualidades que sonhamos e queremos. 

Por isso, idealizar um ser humano é tão traiçoeiro! Nós fantasiamos sobre alguém ou uma realidade e aquele ideal de perfeição (que nós mesmos ajudamos a criar) acaba por nos trair.

Ninguém é nada além do que se é. É isso! 



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