quarta-feira, 11 de julho de 2018

Conexões


As redes sociais têm sido um fenômeno intrigante na vida de todos nós. Passamos a nos conectar diariamente com elas, sem perceber ou questionar; é algo da nossa realidade cotidiana há algum tempo já. Quem nunca acordou pela manhã e checou suas mensagens no Whats App, ou ficou bem ansioso aguardando uma resposta de alguém?

Eu sou de uma geração que não usou computadores na infância e que viu a internet virá febre a partir da adolescência e da vida adulta, e portanto, participei dessa construção do cenário que vigora atualmente. E afirmo que isso tudo me choca em dado momento, me apavora em outros, me vislumbra logo em seguida.

Tudo isso me faz refletir sobre o bom uso dessas ferramentas virtuais! 

Dialogo comigo mesma sobre a vida hodierna e suas facilidades, as suas evoluções, mas sobretudo, dos costumes que passaram a tomar conta de todos nós a todo instante, hábitos e falas, gírias, comportamentos, e em como ocorrem hoje nossos relacionamentos virtuais, nossos contatos virtuais, como fazemos compras, na utilização de serviços, a forma como fazemos nossos estudos virtuais, e etc.

É verdade que as vantagens são infinitas, pois tudo está ao nosso alcance; porém algumas vezes me pego a pensar nessas relações todas, nesses aspectos e constato que esse aparente estreitamento de distâncias - em muitos momentos - acabam nos distanciando da vida humana, das verdadeiras relações e sentimentos. Estamos muito bitolados aos eletrônicos e passamos a não valorizar o que temos de maior que é a nossa sensibilidade, afinal é esse elemento que nos diferencia das máquinas. Nós somos seres humanos, certo? E essa é a mágica.

Nesse contexto, chamo a uma reflexão profunda sobre nosso dia a dia, nossos hábitos, nossa exposição, e principalmente a nossa perspectiva de vida, pois agora parece que estamos mais sozinhos e dependentes de remédios, de eletrônicos, de mitos, de ídolos e de aceitação do que nunca estivemos. estamos cada vez mais ansiosos, transtornados e doentes. Vejam os consultórios dos médicos, psiquiatras e psicólogos, eles estão sempre cheios!

dessa forma, acredito que vivemos um ciclo de dependência e carência que não é aberta (na verdade escondemos isso), quando nos sentimos conectados ao mundo por uma rede, sendo que ao mesmo tempo estamos sempre sozinhos em nossos carros, lares, salas... É uma espécie de solidão acompanhada.São tempos de egoísmo e muitos complexos de inferioridade que nos levam a denegrir o outro na busca por um empoderamento pessoal, mas como se sentir empoderado e confiante rebaixando o outro? Este outro fará a mesma coisa e isso terá um efeito avalanche na sociedade.

Além disso, noto que expomos nossa vida buscando algo que ainda não identifiquei ao certo: atenção, aceitação, reconhecimento. Preciso observar mais e refletir!

Parece que temos um desejo imenso de tocar o outro com nossas publicações e assim despertar o interesse de alguém; desejamos chamar o foco para nós! precisamos nos sentir importante, mas não revelo isto a ninguém, pois seria um grande sinal de fraqueza. 

Nos expomos às vezes por motivos tristes, em outros momentos para querer demonstrar que estamos bem e felizes, compartilhar conquistas e receber elogios, ou apenas passar uma imagem de que estamos saudáveis, que temos grana ou sucesso. estamos sempre fazendo a nossa propaganda pessoal, como se disséssemos ao mundo: "Me comprem, pois eu sou o modelo da felicidade", quando de fato não somos. No fundo, em nosso quarto, estaremos sempre frágeis e solitários... Mas, jamais poderemos demonstrar esse aspecto de nós mesmos, porque pareceríamos o que somos: imperfeitos.

E neste mundo virtual e encantado em que vivemos hoje pessoas imperfeitas não são bem-vindas. Talvez vivenciamos a "Síndrome do Super Homem e da Super Mulher", e todos precisando nos encaixar nesses moldes. A busca pela perfeição é constante e o medo de não se encaixar nos ronda e nos assombra diariamente e em todos os lugares, inclusive nas redes, enquanto estamos conectados ou desconectados.


Nenhum comentário:

Postar um comentário