quarta-feira, 20 de maio de 2015

Xeque maque da vida real

Na noite desta terça-feira (19) um médico foi esfaqueado e  morto enquanto pedalava na lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Pelo que vi na mídia esse não é um fato isolado, pois sempre está havendo assaltos e crimes por lá.

As notícias dão conta também de que os autores da ação são menores de idade, o que levanta ainda mais a discussão sobre redução da maioridade penal.

Retirando a discussão jurídica que se faz necessária (já que interfere no ordenamento jurídico brasileiro), cabe a nós cidadãos pensar não apenas sobre a violência e os crimes que vemos ser cometidos todos os dias, sobretudo, refletir sobre a insegurança e desconfiança que se instaurou nas nossas vidas. Não temos mais a certeza sobre simples atos de terceiros em relação a nós, aos nossos amigos, filhos. Todo mundo é suspeito até que se prove o contrário! A ordem das coisas se inverteram.

Infelizmente os episódios diários de atos contra o próximo ficaram tão absolutamente banais, que ao contrário, atos de cordialidade se tornaram dignos de admiração. Estamos nos acostumando com a maldade e justificando a bondade. Não temos cuidado com a vida dos outros, não respeitamos suas necessidades, o que importa é a nossa própria necessidade. Nisso digo em qualquer situação, coisas que vão de um simples ato cotidiano (pessoal, dentro de casa, com os nossos) até às ações que envolvem desconhecidos. A situação se agrava a cada dia, porque na ânsia de nos proteger daquilo que pode nos fazer mal, afetamos o outro. 

Não sei a realidade sob a qual vive o indivíduo que praticou tal ato contra esse médico, que apenas pedalava na lagoa. Inclusive não sei se esse próprio médico já tenha (quem sabe) atendido como profissional alguém relacionado ao seu próprio algoz. É possível! As coincidências da vida são tantas e infindáveis...

Mas, imagino que essa ou essas pessoas que praticaram tal mal contra o médico estavam movidas pela vontade de se dar bem. Aquele homem tinha o que eles queriam. É tanto que lhe roubaram a bicicleta e a sua vida. Talvez nunca se esforçaram para ter, ou até sim, mas não tinham. É a velha estória da sociedade de consumo; muitos querem e poucos conseguem. 

Em quais circunstâncias esses menores foram socializados e por quais dificuldades sociais, econômicas e emocionais passaram e passam? Eles vivem em contextos de violências e amoralidade extremas? O fato é que um gatilho puxa o outro; e quem sabe qual arma desarmar?

É uma sociedade doente esta nossa, não? Um jogo de xadrez dos mais complexos. Nem o maior dentre os mestres do xadrez saberia desenrolar esse tabuleiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário