quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Sobre a crise hídrica em Acari

A crise anunciada e indesejada chegou! O acariense, que apesar de já conviver com a seca há muito tempo, jamais ficou sem água por causa do açude Gargalheiras; agora enfim vivencia drama evidente da seca nordestina.


Há bastante tempo o clima não é propenso à chuvas por aqui, nós sabemos! Não é de hoje que se fala em racionamento, em escassez de recursos hídricos e em estágio avançado de desertificação na região do Seridó. Eu lembro de ter ouvido falar sobre isso em aulas de geografia, nos tempos de ensino fundamental. 

Realmente já sabíamos desta situação, mas infelizmente pouco fazemos pelo meio ambiente ao nosso redor. Somos muito irresponsáveis quanto a isso, tiramos muito e restituímos pouco ou nada. Isso, ao longo dos anos, acarreta inúmeros problemas e --talvez esta grande crise de abastecimento de água tenha sido plantada há muito tempo atrás -- quando muitos de nós nem ainda existissem. 

Pois bem, nós aprendemos culturalmente hábitos politicamente incorretos, porém desejamos receber da vida, do meio ambiente, dos políticos e do outro: o contrário. Para nós, apenas o que é bom.

Sinto que muitas pessoas se valem da fé para tentar suportar o desespero da calamidade, e não as culpo por isso. Cada um tem a sua forma de reagir aos problemas! No entanto, insisto, devemos nos posicionar como agentes e causadores (todos nós) dessa realidade, já que somos acostumados ao uso desenfreado dos recursos naturais. 

O açude Marechal Dutra (Gargalheiras) tem em Acari e no Seridó um status de "obra divina", mesmo sendo uma ação do homem, pois fora construído há mais de 50 anos, como obra de enfrentamento à seca, pelo DNOCS (Departamento Nacional de Obras contra a Seca).

Pensemos comigo, o Gargalheiras forneceu água a Acari e Currais Novos durante anos a fio. Mesmo com vários períodos de estiagem, ele reinou, e isso claro, é motivo de satisfação e causador da forte admiração e carinho que as pessoas têm por ele. Sem falar no espetáculo que é vê-lo sangrar! Eu, que por diversas vezes vi essa cena, me emociono apenas ao lembrar do arrepio que senti em cada oportunidade que vi aquelas águas transbordarem sobre o paredão de concreto. Reafirmo: majestoso!

Agora, o que eu vejo (principalmente nas redes sociais) é a tristeza no depoimento das pessoas, que acostumadas a fotografarem o gigante e sua beleza, hoje lamentam o cenário devastador. A população se angustia com a dúvida e se apavora com as informações de infortúnio.

Penso que no momento é preciso procurar soluções para o problema de abastecimento d'água, e tentar canalizar esforços e informações seguras e verídicas. Neste momento, os boatos não trazem nenhum benefício às pessoas; e outra coisa, não há espaço para cores e partidos, somos sociedade/comunidade, com uma necessidade comum. Cidadãos conscientes lutam por seus direitos e é isso o que eu espero ver daqui para frente no município de Acari.

No momento, é pensar em soluções; e nesse cenário -- favorecer a situação de calamidade com fotos e depoimentos melancólicos -- não me parece a ação mais acertada. 

A situação é grave, triste, sofrida e requer ações responsáveis e proativas de todos! 



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