quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Do adeus do fim de agosto

Hoje o Brasil assistiu uma presidente eleita por voto popular (54 milhões) ser afastada pelo voto de 61 representantes também eleitos pelo voto do povo brasileiro. Na sessão presidida pelo presidente do Supremo Tribunal Eleitora, Ricardo Lavandoviski, o senadores se digladiavam como na Roma antiga, mesmo tendo o gladiadores sido superados pelo tempo e pela história da humanidade

No Brasil hoje existem os prós Dilma e os que odeiam o PT. Digo isso porque tenho percebido o ódio nas palavras deferidas e uma espécie de revolta popular daqueles que se posicionam contra o modelo político- administrativo implantado pelo Partido dos Trabalhadores nos últimos anos. E preciso confessar que isso muito me assombra, porque a ira tem provocado - na história político/ administrativo do mundo efeitos devastadores. Me permito dizer que os que desejavam que a presidente Dilma Rousseff fosse retirada rogam pela luta contra a corrupção, mas eu me permito também perguntar-lhe - caro leitor - se a corrupção será de vez extirpada, com a saída de Dilma e de sua turma da presidência. Faça uma reflexão sobre a corrupção nos dias atuais!

Sobre os últimos anos sob a administração de Lula e Dilma e projeto alguns apontamentos. Umas das coisas mais nítidas que percebo sobre o Brasil é ascensão da classe trabalhadora, das pessoas que nunca tiveram vez e voz neste país.

Eu olho ao redor e percebo pessoas, que antes não tinham nenhuma perspectiva de crescimento intelectual, cursando uma graduação, fazendo intercâmbio. Vejo pessoas que antes não poderiam nem sonhar com uma casa própria, realizando seu sonho de morar no que é seu, com um carro na garagem, pessoas comuns viajando de avião.

Por outro lado eu vejo pessoas que tinham sua casa, que podiam custear seus estudos, que já tinham carro e já tinham o costume e a oportunidade de viajar de avião e conhecer até mesmo outros países, contestando a possibilidade daquelas outras de terem as mesmas oportunidades que eles já possuíam.

Eu noto uma espécie de desdenho, de má vontade mesmo, de preconceito social e econômico que a antiga classe média passou a ter com a classe trabalhadora. É o mesmo ranço que eu observo em relação às minorias; um hétero que denigre um homoafetivo, ou um "branco" que rebaixa um negro. São questões complexas de ordem social, mas que permitem uma análise totalmente voltada ao poder financeiro das pessoas, porque que sabemos: sempre prevalece o poder financeiro nesta sociedade.

Trocando em miúdos: tenho percebido que o abastardo de outrora não está satisfeito com a nova posição do pobre brasileiro, e que muitas pessoas intituladas brancas não entendem a realidade negra e de minorias neste país. E digo mais, é algo que necessita de reflexão, e realmente reflexão é algo complicado - refletir sobre um tempo, uma sociedade, causa muitos problemas, inclusive tristeza e dor de cabeça à quem decide pensar sobre o caso. Requer desprendimento e doação à situação de pessoas que nem sempre estão do mesmo lado que você!

Eu não sei qual o interesse de você leitor no que houve no plenário do Senado neste dia negro de agosto, talvez nenhum. Espero veementemente que tenha ao menos percebido duas coisas: que o voto consciente para em eleições - que me parecem não despertar tanto interesse como ocorre nos pleitos municipais e estaduais- são de grande valor. Perceberam que dois votos devem ter a sua maior atenção: para senador e deputado? Eles são de suma importância no modelo político que o Brasil adota.

A segunda que apesar de todo blá blá blá, em terras tupiniquins não é o Direito, nem tampouco a boa política e nem o voto popular (que a nossa Constituição Federal de 1988 considera "soberano") quem decidem... 

Como disse um grande amigo meu: "Soberano mesmo é o capital".

*Texto escrito em 31 de agosto e 2016. 



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