quarta-feira, 3 de maio de 2017

Sobre um breve respiro

Na tarde desta quinta-feira (03) o aplicativo de mensagens mais usado atualmente no mundo saiu do ar. O "WhatsApp" deu bug"! E o mundo passou algumas poucas horas comentando sobre isto pelas outras redes sociais de mensagens... Não se falava em outra coisa. Até eu entrei na dança... 

Foi então que uma reflexão me veio à mente: "Será que não deveríamos aproveitar esta oportunidade? Seria este um "retrocesso" benéfico para todos nós?

Eu, confesso que fiquei até feliz. E digo porque! Porque eu tenho percebido ultimamente um afastamento real entre as pessoas, e muito por causa do vício que se tornou o uso diário e compulsivo dessas redes sociais e mais especificamente do WhatsApp. Digo isto me incluindo no time do viciados virtuais, só para constar.

Na verdade, percebo que o aplicativo em questão trouxe alguns benefícios: claro que hoje existe uma maior facilidade na comunicação, ocorreu também um barateamento - visto que as pessoas se comunicam, ligam, apenas utilizando a internet - que em alguns casos nem necessita utilizar diretamente seus créditos das operadoras de telefonia móveis, ou seja, não há aqui um gasto direto de dinheiro. É óbvio que ficou mais rápido também saber sobre os mais variados temas usando esses aplicativos, é fato. Todos os dias temos uma enxurrada de verdadeiras e falsas: correntes, notícias, fotos, denúncias...

Eu, por exemplo, sempre me informo através de um grupo que faço parte neste meio, para saber quando irá ou não ter aulas na Universidade. Às vezes dá certo! Só às vezes... E convenhamos, é legal saber desta informação, pois me poupa uma viagem perdida à Caicó. (que fica a alguns quilômetros daqui).

Porém, tenho notado que as redes têm distanciado as pessoas do contato pessoal. Exemplo: vejo casais de namorados lado a lado (ignorando-se), cada um usando o seu aplicativo ou rede social - quando deveriam estar dedicando aquele tempo um ao outro. Já presenciei mesas recheadas de pessoas ausentes na interação real, fissuradas no que seus celulares têm a lhes dizer sobre pessoas e coisas que estão distantes dali. Também já vi pessoas esquecendo de curtir um momento especial com quem está ao seu lado, para enviar aos seus amigos virtuais: fotos, vídeos ou até mesmo a localização em que está, como se isso tivesse algum significado. Talvez seja uma vontade gigantesca de mostrar que está vivendo, ou quem sabe algo relacionado ao ego de estar mostrando o quanto a sua vida é bacana... Ou quem sabe é apenas um moda a mais e contemporâneo de chamar  a atenção.

É possível que estejamos cada dia mais carentes, cada vez mais sozinhos; pois, vivemos em tempos líquidos, já dizia o sociólogo polonês Zygmunt Bauman.

Portanto, eu reitero que fiquei aliviada e um tanto quanto feliz quando soube que havia (mesmo que por algumas poucas horas), ficado livre desse bendito "Whats App". Digo bendito, mas queria dizer o contrário... Desculpem! Imaginei - em minha mente fértil e sonhadora - pessoas voltando a fazer coisas simples e banais; coisas que há bem pouco tempo atrás eu e os meus vizinhos, amigos e parentes fazíamos de forma normal, comum e corriqueira... Tipo fazer ligações, conversar lado a lado ou quem sabe enviar um email, um SMS, escrever uma carta... Sei lá! Algo do tipo. Realidades obsoletas diriam muitos.

Não me julguem, por favor! Mas, eu confesso que por alguns instantes eu me vi de volta há um passado não tão distante, onde eu poderia viver sem que a cada segundo/minuto tivesse que checar as novidades de um aplicativo para saber se alguém conversou comigo ou lembrou que eu existia... Para dessa forma delimitar qual o valor ou espaço que ocupo na vida e no tempo de alguém. 

Hoje em dia a gente tem um medo danado de ficar sozinho, é verdade! Temos pavor de sentirmos-nos esquecidos - mesmo que por alguns breves segundos... Porém, penso que nós nos esquecemos que na maioria das vezes essa é a nossa situação verdadeira: estamos mais sozinhos que nunca! Somos pessoas interligadas pela tecnologia e solitárias de atenção, da presença, do olhar mais atento e demorado, estamos solitários de calor humano.

Que pena... O WhatsApp voltou!

Ufa, foi apenas um breve respiro.

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