quinta-feira, 11 de maio de 2017

Os extremos que não se cruzam


O que é política para você? 

A pergunta vem ecoando em meu ouvidos nos últimos dias, mais consistentemente quando escuto alguma discussão sobre os julgamentos da "Lava Jato". Tenho notado a dificuldade que a grande maioria da população brasileira tem em discernir sobre esse conceito.

O termo "política" tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público. Pois é, muito abrangente!

Porém, o que eu tenho visto é a minimização do termo por nós. Chego a acreditar que não sabemos muito bem sobre o que falamos, principalmente quando vejo o assunto ganhar dimensões maiores e vorazes na grande mídia ou nas redes sociais mais populares.

Existe aí uma dicotomia latente: os que defendem o PT, Lula, Dilma e por aí vai; e o outro lado, quem os odeiam com todas as forças de seu ser. Então, eu comecei a me dar conta que - não apenas nesse cenário da "Lava Jato", mas de uma forma geral no Brasil de esfera macro ou micro, temos essa dicotomia: lado A e lado B em quase tudo que delimitamos (aos nossos olhos) como política.

Sabe aqueles grupos que se formam nas salas de aulas? As famosas "panelinhas", pronto! Estamos sempre divididos em panelas imaginárias; quem gosta do PT senta aqui, e quem odeia o PT senta lá, por exemplo.

Ah, e não esqueça de que é OBRIGATÓRIO amar o juiz Sérgio Moro (se odiar o PT e sua turma), e odiá-lo se fizer parte do grupo dos petistas.

Foi então que eu comecei a perceber que essa mesma relação de significação nós brasileiros temos em contextos menores, como os vividos nos cenários políticos- partidários das cidades que compõem o país. Somos cidadãos que fazem parte de panelas: vermelhas, verdes, azuis... Quando esses dilemas ditam as regras de convivência e preferência sobre as demais questões da vida pessoal e público.

Sobre isso chego a conclusão do quão imaturos ainda somos no quesito "política verdadeira", aquele lá exposto no início do texto, e que fala sobre o respeito ao espaço público. Sim, respeito! Você conhece o conceito de respeito?

Respeito é um substantivo masculino oriundo do latim "respectus" que é um sentimento positivo e significa ação ou efeito de respeitar, apreço, consideração, deferência.

Sentimento positivo que trata sobre o convívio humano e que nos impede de julgar ou odiar Lula, Moro, ou seja lá quem for pelo simples fato deles pensarem diferentes de nós. 

Portanto, não acho válidas as ofensas de cunho pessoais e profissionais feitas àquele que está na panela da qual eu não faço parte. Você por acaso conhece intimamente essas pessoas citadas na operação "Lava Jato"?

Eu - particularmente - não. E nem tenho motivos e nem provas para me juntar a nenhum deles. Cada um tem ou teve o seu papel na sociedade, e está ali por algum motivo em especial. Não acho sensato misturar sentimentos pessoais, partidários, ideológicos, com uma investigação judicial. Uma coisa e outra não devem se entrelaçar - sob minha perspectiva. Há de se ter um olhar mais crítico desta realidade em que presenciamos hoje.

Bem, então não há motivo para tanto amor ou tanto ódio. Para que tantos extremos, Brasil? 

É preciso refletir.

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