quinta-feira, 28 de março de 2019

Entre o preconceito e a educação

Adoção é um gesto de amor; pelo próximo e por si. Neste sentido o filósofo prussiano Immanuel Kant disse décadas atrás que o amor é algo importante, quanto mais o temos, mais fácil será nossa passagem pelo mundo. Para tanto, é possível notar que apesar de adotar ser um gesto positivo, a realidade da adoção no Brasil ainda é permeada por questões muito específicas de uma sociedade que luta há tempos contra o preconceito de classes sociais e de cor. Além disso, é notório que o contexto cultural do sistema de adoção de pessoas em nosso país tem raízes numa questão de educação da população.

A partir dessa perspectiva é importante discutir o cenário das crianças aptas a serem adotadas no Brasil, pois dados recentes dizem que mais de 40 porcento delas são denominadas pardas e que mais de 60¢ dessas crianças (nesta situação) têm irmãos dispostos a serem adotados também. Por outro lado, outros dados relevantes confirmam que o perfil mais procurado por casais são de crianças de 0 a 3 anos, idade esta que figura entre a menor parcela dos meninos e meninas que buscam por uma nova família. Portanto, causando um problema evidente entre a oferta e a procura; aspecto que denuncia o pensamento preconceituoso de uma parcela significativa dos adotantes brasileiros.

Além disso, é preciso refletir sobre o contexto educacional da sociedade brasileira, a mesma que ao longo da história conviveu com desigualdades oriundas de uma mentalidade classista, herdada da colonização portuguesa e de um pensamento escravocrata, algo que até hoje está arraigado no imaginário do nosso povo – a qual distingue pessoas por situação financeira ou por cor da pele. Tudo isso atrelado a uma educação pública deficitária e ao acesso desigual entre a população de alta e baixa renda aos serviços básicos oferecidos pelo estado. Esses fatores acabaram por aprofundar uma educação e uma sociedade pouco inclusiva, algo que vem mudando com o tempo por aqui, porém que ainda existe.

Portanto, os problemas relacionados à adoção no Brasil precisam ser vistos com cuidados especiais pela sociedade e pelo governo. Dessa forma, vale investir em propagandas institucionais (financiadas pelo governo federal), que busque dialogar com a sociedade sobre os dramas das pessoas que não têm lares biológicos saudáveis e a real situação do tema “Adoção” no contexto brasileiro. Bem como, se faz necessário discutir o perfil que é imposto pelos adotantes, alertando para a demanda e os perfis das crianças aptas à adoção, debatendo em eventos, simpósios e seminários - abertos à sociedade e com parcerias das escolas - o tema em questão. Tudo isso possibilitaria uma aproximação das famílias e dos próprios jovens; nesse sentido, poderemos vislumbrar um cenário mais favorável para a problemática no Brasil.

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