Dias atrás uma amiga (a quem mantenho carinho e
respeito) mencionou em um comentário o grande escritor Machado de Assis. Ela me
fez lembrar, ou melhor, relembrar o autor pela segunda vez esta semana. O caso
é que dias atrás estava eu a escrever o texto “Do medo que eu tenho do fanatismo”,
e Machado de Assis me veio no pensamento. (cheguei a comentar isso com pessoas próximas)
Pois bem, quando escrevia o referido texto, buscava
personagens, figuras de linguagens ou fatos reais, nos quais pudesse ilustrar o
meu pensamento sobre o tema abordado. Nesse ínterim, a obra “O Alienista”, de
autoria dele pareceu-me uma rica analogia.
Elucidando melhor... O conto machadiano fala sobre
Simão Bacamarte, um psiquiatra de renome que volta para sua terra natal (Itaguaí),
uma cidade pequena onde almeja se dedicar à profissão. Lá, o médico desenvolve
seus estudos e funda um manicômio. E segundo sua teoria, as pessoas que
desenvolvessem algum distúrbio no comportamento social por menor e absurdo que fosse (em sua concepção) seria
internado. O problema é que em determinado ponto da estória 75% da população de
Iguaí estava internada na Casa Verde (esse nome foi dado pelo autor ao hospício. A casa
poderia ser cinza, rosa, marrom). Mas foi aí que tudo deu um nó!
O negócio é o seguinte: meu pensamento literário
encontrou barreiras... Barreiras tolas e levianas, acredito.
A relação que eu pensava em fazer era entre Itaguaí-
Acari (ambas cidades pequenas), o clima que se instaurou na cidade (do texto) e
o clima de ofensas que nossa cidade acompanha.
Mas a casa era verde! E eu não quis dar margem para
mais desentendimentos.
E voltando à
minha divagação sobre as duas cidades, por mais que eu tente não consigo ver
lucidez nessas picuinhas partidárias, que permitimos e enaltecemos aqui.
Portanto, na maior parte das vezes, me parece bem insano nosso comportamento
ultimamente. Não parecemos usar nossa inteligência e sabedoria para conviver em
paz. Tem gente assim aos montes, e cada dia os noto mais. Daí eu pensei que boa parte de nós (se morássemos em Itaguaí) seríamos
colocados no manicômio pelo dr. Bacamarte, "o alienista".
Porém, apesar de ter enxergado entre o texto de
Machado de Assis e nossa realidade cotidiana uma semelhança, não julguei que
meu texto seria bem compreendido e mudei a comparação. Mesmo assim, houve quem
(e acredito que muitos que não se manifestaram publicamente, o fizeram mesmo
assim), tenha se sentindo ofendido, porque em sua cabeça "alienista" pressupõe
que eu tenha um lado definido no cenário político acariense.
Moral da estória: eu recuei! Principalmente porque
não quis ser mal interpretada e fui. Eu quis falar da situação de maneira
genérica, sem tomar partido de A ou B, mas mesmo assim fui taxada. Recebi
elogios e críticas e aceito todos.
Mas apesar de ter eu reprimido a minha expressão
literária, informo que não o farei novamente.
Descobri com essa experiência, que não vale a pena
limitar minha produção intelectual, com receio das interpretações maliciosas, pois sempre
haverá aquele que não entenderá o seu propósito. Por mais nobre que ele pareça para você próprio.
Portanto, paciência. Escreverei livremente!
Leia também o texto: "Porque transbordou", é só clicar.
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