quarta-feira, 1 de abril de 2015

O que uma manchete de jornal não diz

Acabo de ler uma notícia que afirma ser a UFRN a melhor Universidade do Norte e Nordeste. Nos últimos anos tenho visto que ela é bem recorrente e apesar de não concordar, aplaudo. Sei que têm muitas qualidades!

Mas, preciso relatar o que eu, aluna do curso de Direito no Ceres (Caicó) e ex-aluna do curso de Jornalismo (Natal). pude perceber durante o tempo que estudei/estudo na Instituição. Sei que o MEC analisa vários aspectos quando faz esse parecer sobre as Instituições de Ensino, tais como : Pesquisa, Extensão, Acervo e Ensino.

Mas, quero destacar aqui o que de mais primário vejo nesse leque. Acredito que o Ensino seja o mais simples e puro estágio dessa análise, que se possa averiguar no âmbito de um estabelecimento, o qual se propõe a oferecer cursos.

Sobre o ensino:
No Campus Central, onde estudei Jornalismo, haviam alguns professores comprometidos e responsáveis, desses lembro-me com carinho e admiração. Dos outros, que faltavam seus expedientes ou que não estavam ali comprometidos com a Educação e disseminação de conhecimento lhe bastavam enrolar os minutos de aulas (quando compareciam à sala de aula), quando muito o faziam, ou reprovar (por falta) alunos tendo esses motivos/ atestados comprovando suas faltas, faltar e não avisar com tempo hábil, aplicar provas para conferir veracidade à sua prática como professor, independente do conteúdo dado ou recebido. Sem falar na ausência de docentes para lecionar as disciplinas, tive a experiência de passar vários meses sem professor e também caso onde o professor se aposentou e abandonou a turma no meio do semestre.

No Ceres, onde tento aprender algo sobre o Direito, as aulas refletem um estado de alerta. Não posso generalizar, até porque os bons sabem que fazem o seu trabalho com correção e verdade. Salvo um ou outro bem comprometido, tenho aprendido várias práticas que rezo pra não reproduzir em minha vida pessoal e profissional. Coisas como respeito, comprometimento, verdade e ética...  Até agora esses foram os grandes ensinamentos que não tive com muita frequência. Tenho refletido bastante sobre esses temas ultimamente.

E por que os estudantes não fazem nada? Eles até tentam, mas não entendo os motivos pelos quais as regras e resoluções as quais somos submetidos, nunca nos favorecem em detrimentos aos abuso que sofremos todos os dias. O aluno nunca tem razão! Ficamos sabendo de práticas reafirmadas há anos e que jamais receberam nenhuma punição. Em Natal, em Caicó, em qualquer parte.

Outro fator muito relevante é o medo de represália que todos temos, inclusive porque recebemos vez ou outra uma ameaça velada ou não, assédio moral, humilhação pública, e como sabemos e ouvimos falar somos o lado mais fraco da corda. Não pense você que enquanto escrevo essas letras não sinto receio de estar eu (simples estudante) ofendendo alguém. Me perdoe se estou! Apenas relato o que observo e sinto na pele. A minha fonte sou eu mesma, testemunha ocular e, portanto, afetada pela emoção ao relatar.

A realidade é que em muitas Universidades, aliás em muitos lugares, existem algumas pessoas que sentem-se melhores ou superiores aos demais colegas, sobre os alunos: deuses, cujas decisões são arbitrárias e impostas; simplesmente. E isso toma outras proporções quando amparadas por resoluções, portarias, regras, convenções e costumes. Não vejo como isso pode ser aplicado num curso onde deveríamos aprender a ser operador da Justiça. Parece-me um tanto quanto contraditório!

Ah, e tem aquela velha e conhecida forma de punir o alunado: a nota da prova, que em se falando do curso de Direito é tão cultuada, que o primeiro boa noite que alguns professores dão é: "A prova será tal dia", isso no primeiro dia de aula do semestre. Como podemos ceder o lugar do conhecimento a um valor, uma nota?

O mais importante em ser aluna de graduação (em algumas instituições de ensino superior brasileira) eu já aprendi. Não interessa se foram dadas aulas ou se aprendemos algo sobre a matéria dentro das salas; aceite a realidade. Muitos dizem: "É assim mesmo". O que interessa e muito é a nota que iremos tirar na prova ou até mesmo no ENADES (quando o MEC avalia os cursos e lhes conferem notas). Notas, notas, notas...

Ah, não posso esquecer da prova da OAB. Compre cursinhos caríssimos e coloque o índice de aprovação da sua Universidade lá em cima. 

Assim, a verdade diária dos cursos jamais será conhecida; apenas notícias elogiosas, mas a realidade se afasta cada vez mais das manchetes dos jornais.

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