quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Reflexões

A vida inteira tive ao meu redor pessoas que tinha elas próprias como centro de sua vida, isso me fez muito mal sempre. Porque eu percebia o pouco valor que eu tinha para elas, porque a felicidade delas e interesses delas estavam sempre em primeiro plano. Por bastante tempo me subjugaram a lugar de menos destaque, pelos mais variados motivos: eu era a mais nova, as mais frágil, a menina, a louca, a que não importava os sentimentos, a que poderia se humilhar-se em determinadas ocasiões ou funções, as mais sensível... Enfim, alguém que era usada para o que os outros não queriam fazer.

Meu sofrimento interior era tamanho, que eu chegava a escrever cartas Deus, indagando ao mesmo o porquê daquele tratamento destinado a mim, que não me sentia malvada ou tão merecedora de tamanha indiferença de pessoas que deveriam me proteger, enaltecer e contribuir ao meu crescimento.

Dramática, me diziam! 

Em minha opinião, as pessoas criam seus bodes expiatórios para descarregar suas frustrações, seus medos ou suas fraquezas. Com isso, acabam por cobrar contas em inocentes. 

Por várias vezes me senti injustiçada, e nada podia fazer.


Enfim, um dia eu completei 30 anos. Cresci, virei adulta, era assim cobrada nas mais variadas vertentes da vida cotidiana de adulto, porém, percebi que não deixara de ser a menina bode expiatório de antes, que recebia ordens, que deveria abdicar de suas vontades em detrimentos às dos outros, que deveria sempre ser boazinha e aceitar os desmandos, que deveria obedecer à hierarquia eterna de favores feitos e contabilizados por uma lista infindável que jamais teria fim.

Um belo dia eu acordei, me empoderei e disse não.

Eu respeito e quero ser respeitada, eu escuto e quero ser escutada. Eu, assim como você e outro, sou indivíduo, pessoa, cidadã e desejo ser, assim como você, ser o que pretendo e como eu pretendo. Assim sendo, criei muitos conflitos, os outros - desacostumados com a minha vontade, vociferou. 

Infelizmente existem pessoas que acostumam-se em fazer do outro a sua cela. Ninguém que ser a cela, apenas o dono do cavalo.

Assim sendo, eu também não quero ser a cela, e resolvi nunca mais ser. Me desculpe, não gosto de montaria.


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