quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Sempre "alienistas"

Olá, amo esse texto (escrito em 2014) e decidi republicá-lo hoje, porque julgo pertinente mais uma vez. 


Dias atrás uma amiga (a quem mantenho carinho e respeito) mencionou em um comentário o grande escritor Machado de Assis. Ela me fez lembrar, ou melhor, relembrar o autor pela segunda vez esta semana. O caso é que dias atrás estava eu a escrever o texto “Do medo que eu tenho do fanatismo”, e Machado de Assis me veio no pensamento. (cheguei a comentar isso com pessoas próximas)

Pois bem, quando escrevia o referido texto, buscava personagens, figuras de linguagens ou fatos reais, nos quais pudesse ilustrar o meu pensamento sobre o tema abordado. Nesse ínterim, a obra “O Alienista”, de autoria dele pareceu-me uma rica analogia.

Elucidando melhor... O conto machadiano fala sobre Simão Bacamarte, um psiquiatra de renome que volta para sua terra natal (Itaguaí), uma cidade pequena onde almeja se dedicar à profissão. Lá, o médico desenvolve seus estudos e funda um manicômio. E segundo sua teoria, as pessoas que desenvolvessem algum distúrbio no comportamento social por menor e absurdo que fosse (em sua concepção) seria internado. O problema é que em determinado ponto da estória 75% da população de Iguaí estava internada na Casa Verde (esse nome foi dado pelo autor ao hospício. A casa poderia ser cinza, rosa, marrom). Mas foi aí que tudo deu um nó!

O negócio é o seguinte: meu pensamento literário encontrou barreiras... Barreiras tolas e levianas, acredito.

A relação que eu pensava em fazer era entre Itaguaí- Acari (ambas cidades pequenas), o clima que se instaurou na cidade (do texto) e o clima de ofensas que nossa cidade acompanha.

Mas a casa era verde! E eu não quis dar margem para mais desentendimentos.

E voltando à minha divagação sobre as duas cidades, por mais que eu tente não consigo ver lucidez nessas picuinhas partidárias, que permitimos e enaltecemos aqui. Portanto, na maior parte das vezes, me parece bem insano nosso comportamento ultimamente. Não parecemos usar nossa inteligência e sabedoria para conviver em paz. Tem gente assim aos montes, e cada dia os noto mais. Daí eu pensei que boa parte de nós (se morássemos em Itaguaí) seríamos colocados no manicômio pelo dr. Bacamarte, "o alienista".

Porém, apesar de ter enxergado entre o texto de Machado de Assis e nossa realidade cotidiana uma semelhança, não julguei que meu texto seria bem compreendido e mudei a comparação. Mesmo assim, houve quem (e acredito que muitos que não se manifestaram publicamente, o fizeram mesmo assim), tenha se sentindo ofendido, porque em sua cabeça "alienista" pressupõe que eu tenha um lado definido no cenário político acariense.

Moral da estória: eu recuei! Principalmente porque não quis ser mal interpretada e fui. Eu quis falar da situação de maneira genérica, sem tomar partido de A ou B, mas mesmo assim fui taxada. Recebi elogios e críticas e aceito todos.

Mas apesar de ter eu reprimido a minha expressão literária, informo que não o farei novamente.

Descobri com essa experiência, que não vale a pena limitar minha produção intelectual, com receio das interpretações maliciosas, pois sempre haverá aquele que não entenderá o seu propósito. Por mais nobre que ele pareça para você próprio.

Portanto, paciência. Escreverei livremente!

Por favor! Não me pode, caro leitor. O escritor é como uma árvore, seus frutos: as palavras.

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