segunda-feira, 22 de maio de 2017

Sobre nossas ambições


Vi este poste numa rede social hoje (22) e logo me veio à cabeça um questionamento: nós mulheres contemporâneas fomos educadas, em sua grande maioria, para este perfil de vida adulta. Ao nosso redor sempre há alguém que cobra ou aconselha que coisas como dinheiro e realização profissional e financeira nos trará felicidade. Que isso nos preencherá e que o resto pouco importa ou a nossa vida estará plena. Na verdade nem é!

Não, não estou dizendo que todas essas coisas não são importantes, porque são sim. E mais em um mundo tão consumista quanto o nosso. Não, eu não estou rejeitando a ideia de que ser independente financeiramente não seja legal. Claro que é! Ter o seu dinheiro, pagar as suas contas, ir e vir quando desejar... Tudo isso é bacana! Porém, não nos traz felicidade. E falo mais potencialmente sobre o gênero ao qual pertenço, o feminino.

Chega um momento que - mesmo tendo tudo o que sonhamos e precisamos - falta algo. E aí, como explicar?

Reportagens, relatos, conversas podem nos revelam pessoas muito vazias, solitárias e carentes nos tempos atuais. E - em muitos casos - pessoas bem- sucedidas e que deveriam estar satisfeitas consigo e com o que conseguiram na vida. Mas, por que não estão?

Pois é, algo a se refletir. Talvez nossas ambições estão além do profissional. Talvez nós humanos sejamos mais que regras pré- estabelecidas e padrões gráficos sobre a felicidade do ter e do consumir.

Talvez.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

A violência urbana no Brasil

O aumento no número de crimes violentos no Brasil foi constatado a partir de levantamento feito pelo "GLOBO" nas dez edições do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O que nos leva a questionar as verdadeiras causas dessa violência nos dias de hoje. Para o filósofo Thomas Hobbes o homem era um ser mal por natureza, e o que o trazia para este patamar fazia referência à fatores coma obtenção do lucro, a desconfiança, a competição.

Somos um país que - apesar de não estarmos em guerra civil declarada - mata mais que a Síria que vive há 5 anos um grave conflito civil. Recentemente a capital do estado do RN - Natal - foi elencada como a 10ª cidade mais violenta do mundo. Tudo isso somados aos crescentes índices de violências contra grupos isolados como os crimes homofóbicos e contra mulheres. Exemplos dessa violência tornam-se públicos diariamente nas redes sociais, como o caso da travesti Dandara dos Santos, espancada até a morte, em Fortaleza, este ano.

Há quem defenda que a criminalidade está muito relacionada a guetos, comunidades menos favorecidas ou pessoas em situações de risco. Esse contexto vem atrelado à falta de educação de qualidade, oportunidades e situações de saúde e moradias adequadas para a população; mas será que o homem é produto do meio como disse o filósofo suíço Jean Jacques- Rosseau? É importante salientar também neste panorama social, que existem pessoas pobres que jamais tiveram nenhuma ligação com a violência  ou com crimes, independente do lugar onde moram.

Assim, é necessário pensar o problema da violência brasileira de maneira interligada, de forma que o governo, a escola e a sociedade possam agir juntos. É possível também buscar amparo no sistema jurídico, que necessita de uma agilidade maior, como também de simplificação nos seus ritos. Algo muito importante que deve ser lembrado é o aspecto legislativo e burocrático da contextualização desse problema, pois apesar de nossas leis estarem sendo criadas e revogadas a todo tempo, em muitos casos os infratores são beneficiados por brechas e até mesmo por artimanhas políticas - o que é o caso de pessoas influentes-  que estão ligadas aos tráfico, à corrupção e ao processo de violência social e econômico - mazela que assola a sociedade brasileira há bastante tempo. Dessa forma, vislumbramos que a violência no Brasil é uma problemática muito mais abrangente  e complexa do que podemos cogitar, e para que tenhamos perspectivas de avanços, o esforço deve ser também de todos os envolvidos. Ninguém está livre de ser alvo de algum tipo de violência neste país!




quinta-feira, 11 de maio de 2017

Os extremos que não se cruzam


O que é política para você? 

A pergunta vem ecoando em meu ouvidos nos últimos dias, mais consistentemente quando escuto alguma discussão sobre os julgamentos da "Lava Jato". Tenho notado a dificuldade que a grande maioria da população brasileira tem em discernir sobre esse conceito.

O termo "política" tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público. Pois é, muito abrangente!

Porém, o que eu tenho visto é a minimização do termo por nós. Chego a acreditar que não sabemos muito bem sobre o que falamos, principalmente quando vejo o assunto ganhar dimensões maiores e vorazes na grande mídia ou nas redes sociais mais populares.

Existe aí uma dicotomia latente: os que defendem o PT, Lula, Dilma e por aí vai; e o outro lado, quem os odeiam com todas as forças de seu ser. Então, eu comecei a me dar conta que - não apenas nesse cenário da "Lava Jato", mas de uma forma geral no Brasil de esfera macro ou micro, temos essa dicotomia: lado A e lado B em quase tudo que delimitamos (aos nossos olhos) como política.

Sabe aqueles grupos que se formam nas salas de aulas? As famosas "panelinhas", pronto! Estamos sempre divididos em panelas imaginárias; quem gosta do PT senta aqui, e quem odeia o PT senta lá, por exemplo.

Ah, e não esqueça de que é OBRIGATÓRIO amar o juiz Sérgio Moro (se odiar o PT e sua turma), e odiá-lo se fizer parte do grupo dos petistas.

Foi então que eu comecei a perceber que essa mesma relação de significação nós brasileiros temos em contextos menores, como os vividos nos cenários políticos- partidários das cidades que compõem o país. Somos cidadãos que fazem parte de panelas: vermelhas, verdes, azuis... Quando esses dilemas ditam as regras de convivência e preferência sobre as demais questões da vida pessoal e público.

Sobre isso chego a conclusão do quão imaturos ainda somos no quesito "política verdadeira", aquele lá exposto no início do texto, e que fala sobre o respeito ao espaço público. Sim, respeito! Você conhece o conceito de respeito?

Respeito é um substantivo masculino oriundo do latim "respectus" que é um sentimento positivo e significa ação ou efeito de respeitar, apreço, consideração, deferência.

Sentimento positivo que trata sobre o convívio humano e que nos impede de julgar ou odiar Lula, Moro, ou seja lá quem for pelo simples fato deles pensarem diferentes de nós. 

Portanto, não acho válidas as ofensas de cunho pessoais e profissionais feitas àquele que está na panela da qual eu não faço parte. Você por acaso conhece intimamente essas pessoas citadas na operação "Lava Jato"?

Eu - particularmente - não. E nem tenho motivos e nem provas para me juntar a nenhum deles. Cada um tem ou teve o seu papel na sociedade, e está ali por algum motivo em especial. Não acho sensato misturar sentimentos pessoais, partidários, ideológicos, com uma investigação judicial. Uma coisa e outra não devem se entrelaçar - sob minha perspectiva. Há de se ter um olhar mais crítico desta realidade em que presenciamos hoje.

Bem, então não há motivo para tanto amor ou tanto ódio. Para que tantos extremos, Brasil? 

É preciso refletir.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Sobre um breve respiro

Na tarde desta quinta-feira (03) o aplicativo de mensagens mais usado atualmente no mundo saiu do ar. O "WhatsApp" deu bug"! E o mundo passou algumas poucas horas comentando sobre isto pelas outras redes sociais de mensagens... Não se falava em outra coisa. Até eu entrei na dança... 

Foi então que uma reflexão me veio à mente: "Será que não deveríamos aproveitar esta oportunidade? Seria este um "retrocesso" benéfico para todos nós?

Eu, confesso que fiquei até feliz. E digo porque! Porque eu tenho percebido ultimamente um afastamento real entre as pessoas, e muito por causa do vício que se tornou o uso diário e compulsivo dessas redes sociais e mais especificamente do WhatsApp. Digo isto me incluindo no time do viciados virtuais, só para constar.

Na verdade, percebo que o aplicativo em questão trouxe alguns benefícios: claro que hoje existe uma maior facilidade na comunicação, ocorreu também um barateamento - visto que as pessoas se comunicam, ligam, apenas utilizando a internet - que em alguns casos nem necessita utilizar diretamente seus créditos das operadoras de telefonia móveis, ou seja, não há aqui um gasto direto de dinheiro. É óbvio que ficou mais rápido também saber sobre os mais variados temas usando esses aplicativos, é fato. Todos os dias temos uma enxurrada de verdadeiras e falsas: correntes, notícias, fotos, denúncias...

Eu, por exemplo, sempre me informo através de um grupo que faço parte neste meio, para saber quando irá ou não ter aulas na Universidade. Às vezes dá certo! Só às vezes... E convenhamos, é legal saber desta informação, pois me poupa uma viagem perdida à Caicó. (que fica a alguns quilômetros daqui).

Porém, tenho notado que as redes têm distanciado as pessoas do contato pessoal. Exemplo: vejo casais de namorados lado a lado (ignorando-se), cada um usando o seu aplicativo ou rede social - quando deveriam estar dedicando aquele tempo um ao outro. Já presenciei mesas recheadas de pessoas ausentes na interação real, fissuradas no que seus celulares têm a lhes dizer sobre pessoas e coisas que estão distantes dali. Também já vi pessoas esquecendo de curtir um momento especial com quem está ao seu lado, para enviar aos seus amigos virtuais: fotos, vídeos ou até mesmo a localização em que está, como se isso tivesse algum significado. Talvez seja uma vontade gigantesca de mostrar que está vivendo, ou quem sabe algo relacionado ao ego de estar mostrando o quanto a sua vida é bacana... Ou quem sabe é apenas um moda a mais e contemporâneo de chamar  a atenção.

É possível que estejamos cada dia mais carentes, cada vez mais sozinhos; pois, vivemos em tempos líquidos, já dizia o sociólogo polonês Zygmunt Bauman.

Portanto, eu reitero que fiquei aliviada e um tanto quanto feliz quando soube que havia (mesmo que por algumas poucas horas), ficado livre desse bendito "Whats App". Digo bendito, mas queria dizer o contrário... Desculpem! Imaginei - em minha mente fértil e sonhadora - pessoas voltando a fazer coisas simples e banais; coisas que há bem pouco tempo atrás eu e os meus vizinhos, amigos e parentes fazíamos de forma normal, comum e corriqueira... Tipo fazer ligações, conversar lado a lado ou quem sabe enviar um email, um SMS, escrever uma carta... Sei lá! Algo do tipo. Realidades obsoletas diriam muitos.

Não me julguem, por favor! Mas, eu confesso que por alguns instantes eu me vi de volta há um passado não tão distante, onde eu poderia viver sem que a cada segundo/minuto tivesse que checar as novidades de um aplicativo para saber se alguém conversou comigo ou lembrou que eu existia... Para dessa forma delimitar qual o valor ou espaço que ocupo na vida e no tempo de alguém. 

Hoje em dia a gente tem um medo danado de ficar sozinho, é verdade! Temos pavor de sentirmos-nos esquecidos - mesmo que por alguns breves segundos... Porém, penso que nós nos esquecemos que na maioria das vezes essa é a nossa situação verdadeira: estamos mais sozinhos que nunca! Somos pessoas interligadas pela tecnologia e solitárias de atenção, da presença, do olhar mais atento e demorado, estamos solitários de calor humano.

Que pena... O WhatsApp voltou!

Ufa, foi apenas um breve respiro.