terça-feira, 18 de julho de 2017

A solidão

Hoje eu gostaria de falar sobre a solidão. Este estado de espírito sempre fez-me companhia e nunca me causou maiores transtornos; vez ou outro nos aparece, às vezes é bom e às vezes ruim.

Bom ser sozinha para estar consigo mesmo, ou para se amar, se valorizar ou não ter preocupações com nada que não seja está só. Na maioria dos momentos que me senti sozinha, não me causou mal estar e nem dor, simplesmente me fortaleceu o fato de não precisar de alguém para ficar bem.

Este é o ponto! A solidão nos acostuma a nós mesmos, e talvez nos impossibilite de partilhar coisas e de somar e deixar pessoas somarem às nossas vidas. Percebo que quando me acostumei à solidão e gostei dela, eu me afastei do mundo exterior, fiquei mais implícita. 

Em alguns momentos isso me tornou reservada demais, com poucos amigos e até um tanto desconfiada, será que devo deixar fulano se aproximar? Acredito que a solidão não é ruim, mas quando chega um ponto em que estamos habituados a ela, nos questionamos sobre a vida coletiva, o contato e a socialização.

É possível que nos tornemos solitários convictos e deixemos de ter o hábito, o costume e a vontade de cativar o outro e de interagir; e talvez por esse motivo, a solidão não seja de tudo boa. 

Ela pode causar afastamento e em certo ponto tristeza. Não sei em qual momento da solidão me encontro agora, mas sei que ela sempre esteve por aqui. Ao lado de mim ou dentro, escondida. 

A minha solidão é uma amiga que jamais me abandonou definitivamente. Não mesmo!

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Sobre nossas ambições


Vi este poste numa rede social hoje (22) e logo me veio à cabeça um questionamento: nós mulheres contemporâneas fomos educadas, em sua grande maioria, para este perfil de vida adulta. Ao nosso redor sempre há alguém que cobra ou aconselha que coisas como dinheiro e realização profissional e financeira nos trará felicidade. Que isso nos preencherá e que o resto pouco importa ou a nossa vida estará plena. Na verdade nem é!

Não, não estou dizendo que todas essas coisas não são importantes, porque são sim. E mais em um mundo tão consumista quanto o nosso. Não, eu não estou rejeitando a ideia de que ser independente financeiramente não seja legal. Claro que é! Ter o seu dinheiro, pagar as suas contas, ir e vir quando desejar... Tudo isso é bacana! Porém, não nos traz felicidade. E falo mais potencialmente sobre o gênero ao qual pertenço, o feminino.

Chega um momento que - mesmo tendo tudo o que sonhamos e precisamos - falta algo. E aí, como explicar?

Reportagens, relatos, conversas podem nos revelam pessoas muito vazias, solitárias e carentes nos tempos atuais. E - em muitos casos - pessoas bem- sucedidas e que deveriam estar satisfeitas consigo e com o que conseguiram na vida. Mas, por que não estão?

Pois é, algo a se refletir. Talvez nossas ambições estão além do profissional. Talvez nós humanos sejamos mais que regras pré- estabelecidas e padrões gráficos sobre a felicidade do ter e do consumir.

Talvez.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

A violência urbana no Brasil

O aumento no número de crimes violentos no Brasil foi constatado a partir de levantamento feito pelo "GLOBO" nas dez edições do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O que nos leva a questionar as verdadeiras causas dessa violência nos dias de hoje. Para o filósofo Thomas Hobbes o homem era um ser mal por natureza, e o que o trazia para este patamar fazia referência à fatores coma obtenção do lucro, a desconfiança, a competição.

Somos um país que - apesar de não estarmos em guerra civil declarada - mata mais que a Síria que vive há 5 anos um grave conflito civil. Recentemente a capital do estado do RN - Natal - foi elencada como a 10ª cidade mais violenta do mundo. Tudo isso somados aos crescentes índices de violências contra grupos isolados como os crimes homofóbicos e contra mulheres. Exemplos dessa violência tornam-se públicos diariamente nas redes sociais, como o caso da travesti Dandara dos Santos, espancada até a morte, em Fortaleza, este ano.

Há quem defenda que a criminalidade está muito relacionada a guetos, comunidades menos favorecidas ou pessoas em situações de risco. Esse contexto vem atrelado à falta de educação de qualidade, oportunidades e situações de saúde e moradias adequadas para a população; mas será que o homem é produto do meio como disse o filósofo suíço Jean Jacques- Rosseau? É importante salientar também neste panorama social, que existem pessoas pobres que jamais tiveram nenhuma ligação com a violência  ou com crimes, independente do lugar onde moram.

Assim, é necessário pensar o problema da violência brasileira de maneira interligada, de forma que o governo, a escola e a sociedade possam agir juntos. É possível também buscar amparo no sistema jurídico, que necessita de uma agilidade maior, como também de simplificação nos seus ritos. Algo muito importante que deve ser lembrado é o aspecto legislativo e burocrático da contextualização desse problema, pois apesar de nossas leis estarem sendo criadas e revogadas a todo tempo, em muitos casos os infratores são beneficiados por brechas e até mesmo por artimanhas políticas - o que é o caso de pessoas influentes-  que estão ligadas aos tráfico, à corrupção e ao processo de violência social e econômico - mazela que assola a sociedade brasileira há bastante tempo. Dessa forma, vislumbramos que a violência no Brasil é uma problemática muito mais abrangente  e complexa do que podemos cogitar, e para que tenhamos perspectivas de avanços, o esforço deve ser também de todos os envolvidos. Ninguém está livre de ser alvo de algum tipo de violência neste país!




quinta-feira, 11 de maio de 2017

Os extremos que não se cruzam


O que é política para você? 

A pergunta vem ecoando em meu ouvidos nos últimos dias, mais consistentemente quando escuto alguma discussão sobre os julgamentos da "Lava Jato". Tenho notado a dificuldade que a grande maioria da população brasileira tem em discernir sobre esse conceito.

O termo "política" tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público. Pois é, muito abrangente!

Porém, o que eu tenho visto é a minimização do termo por nós. Chego a acreditar que não sabemos muito bem sobre o que falamos, principalmente quando vejo o assunto ganhar dimensões maiores e vorazes na grande mídia ou nas redes sociais mais populares.

Existe aí uma dicotomia latente: os que defendem o PT, Lula, Dilma e por aí vai; e o outro lado, quem os odeiam com todas as forças de seu ser. Então, eu comecei a me dar conta que - não apenas nesse cenário da "Lava Jato", mas de uma forma geral no Brasil de esfera macro ou micro, temos essa dicotomia: lado A e lado B em quase tudo que delimitamos (aos nossos olhos) como política.

Sabe aqueles grupos que se formam nas salas de aulas? As famosas "panelinhas", pronto! Estamos sempre divididos em panelas imaginárias; quem gosta do PT senta aqui, e quem odeia o PT senta lá, por exemplo.

Ah, e não esqueça de que é OBRIGATÓRIO amar o juiz Sérgio Moro (se odiar o PT e sua turma), e odiá-lo se fizer parte do grupo dos petistas.

Foi então que eu comecei a perceber que essa mesma relação de significação nós brasileiros temos em contextos menores, como os vividos nos cenários políticos- partidários das cidades que compõem o país. Somos cidadãos que fazem parte de panelas: vermelhas, verdes, azuis... Quando esses dilemas ditam as regras de convivência e preferência sobre as demais questões da vida pessoal e público.

Sobre isso chego a conclusão do quão imaturos ainda somos no quesito "política verdadeira", aquele lá exposto no início do texto, e que fala sobre o respeito ao espaço público. Sim, respeito! Você conhece o conceito de respeito?

Respeito é um substantivo masculino oriundo do latim "respectus" que é um sentimento positivo e significa ação ou efeito de respeitar, apreço, consideração, deferência.

Sentimento positivo que trata sobre o convívio humano e que nos impede de julgar ou odiar Lula, Moro, ou seja lá quem for pelo simples fato deles pensarem diferentes de nós. 

Portanto, não acho válidas as ofensas de cunho pessoais e profissionais feitas àquele que está na panela da qual eu não faço parte. Você por acaso conhece intimamente essas pessoas citadas na operação "Lava Jato"?

Eu - particularmente - não. E nem tenho motivos e nem provas para me juntar a nenhum deles. Cada um tem ou teve o seu papel na sociedade, e está ali por algum motivo em especial. Não acho sensato misturar sentimentos pessoais, partidários, ideológicos, com uma investigação judicial. Uma coisa e outra não devem se entrelaçar - sob minha perspectiva. Há de se ter um olhar mais crítico desta realidade em que presenciamos hoje.

Bem, então não há motivo para tanto amor ou tanto ódio. Para que tantos extremos, Brasil? 

É preciso refletir.

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Sobre um breve respiro

Na tarde desta quinta-feira (03) o aplicativo de mensagens mais usado atualmente no mundo saiu do ar. O "WhatsApp" deu bug"! E o mundo passou algumas poucas horas comentando sobre isto pelas outras redes sociais de mensagens... Não se falava em outra coisa. Até eu entrei na dança... 

Foi então que uma reflexão me veio à mente: "Será que não deveríamos aproveitar esta oportunidade? Seria este um "retrocesso" benéfico para todos nós?

Eu, confesso que fiquei até feliz. E digo porque! Porque eu tenho percebido ultimamente um afastamento real entre as pessoas, e muito por causa do vício que se tornou o uso diário e compulsivo dessas redes sociais e mais especificamente do WhatsApp. Digo isto me incluindo no time do viciados virtuais, só para constar.

Na verdade, percebo que o aplicativo em questão trouxe alguns benefícios: claro que hoje existe uma maior facilidade na comunicação, ocorreu também um barateamento - visto que as pessoas se comunicam, ligam, apenas utilizando a internet - que em alguns casos nem necessita utilizar diretamente seus créditos das operadoras de telefonia móveis, ou seja, não há aqui um gasto direto de dinheiro. É óbvio que ficou mais rápido também saber sobre os mais variados temas usando esses aplicativos, é fato. Todos os dias temos uma enxurrada de verdadeiras e falsas: correntes, notícias, fotos, denúncias...

Eu, por exemplo, sempre me informo através de um grupo que faço parte neste meio, para saber quando irá ou não ter aulas na Universidade. Às vezes dá certo! Só às vezes... E convenhamos, é legal saber desta informação, pois me poupa uma viagem perdida à Caicó. (que fica a alguns quilômetros daqui).

Porém, tenho notado que as redes têm distanciado as pessoas do contato pessoal. Exemplo: vejo casais de namorados lado a lado (ignorando-se), cada um usando o seu aplicativo ou rede social - quando deveriam estar dedicando aquele tempo um ao outro. Já presenciei mesas recheadas de pessoas ausentes na interação real, fissuradas no que seus celulares têm a lhes dizer sobre pessoas e coisas que estão distantes dali. Também já vi pessoas esquecendo de curtir um momento especial com quem está ao seu lado, para enviar aos seus amigos virtuais: fotos, vídeos ou até mesmo a localização em que está, como se isso tivesse algum significado. Talvez seja uma vontade gigantesca de mostrar que está vivendo, ou quem sabe algo relacionado ao ego de estar mostrando o quanto a sua vida é bacana... Ou quem sabe é apenas um moda a mais e contemporâneo de chamar  a atenção.

É possível que estejamos cada dia mais carentes, cada vez mais sozinhos; pois, vivemos em tempos líquidos, já dizia o sociólogo polonês Zygmunt Bauman.

Portanto, eu reitero que fiquei aliviada e um tanto quanto feliz quando soube que havia (mesmo que por algumas poucas horas), ficado livre desse bendito "Whats App". Digo bendito, mas queria dizer o contrário... Desculpem! Imaginei - em minha mente fértil e sonhadora - pessoas voltando a fazer coisas simples e banais; coisas que há bem pouco tempo atrás eu e os meus vizinhos, amigos e parentes fazíamos de forma normal, comum e corriqueira... Tipo fazer ligações, conversar lado a lado ou quem sabe enviar um email, um SMS, escrever uma carta... Sei lá! Algo do tipo. Realidades obsoletas diriam muitos.

Não me julguem, por favor! Mas, eu confesso que por alguns instantes eu me vi de volta há um passado não tão distante, onde eu poderia viver sem que a cada segundo/minuto tivesse que checar as novidades de um aplicativo para saber se alguém conversou comigo ou lembrou que eu existia... Para dessa forma delimitar qual o valor ou espaço que ocupo na vida e no tempo de alguém. 

Hoje em dia a gente tem um medo danado de ficar sozinho, é verdade! Temos pavor de sentirmos-nos esquecidos - mesmo que por alguns breves segundos... Porém, penso que nós nos esquecemos que na maioria das vezes essa é a nossa situação verdadeira: estamos mais sozinhos que nunca! Somos pessoas interligadas pela tecnologia e solitárias de atenção, da presença, do olhar mais atento e demorado, estamos solitários de calor humano.

Que pena... O WhatsApp voltou!

Ufa, foi apenas um breve respiro.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Brasil: o país das aparências e da desvalorização das mulheres!

Cada dia mais me convenço que estamos vivendo tempos de valorização das aparências. É comum ouvirmos: "Parabéns, tal pessoa é muito bonita", dizem aqueles que desejam elogiar a filha do amigo, a namorada de outro. Ser bonito virou sinônimo de qualificação de ser humano, desde quando?

Vejo isso tanto relacionado aos homens quanto às mulheres, mas é mais significativo o número daqueles que olham para uma mulher e a primeira constatação é se ela é ou não bonita. Ser boa pessoa, ter caráter, ser leal, justa, inteligente virou característica secundária. O que mesmo é se a mulher bonita ou não.



Que tragédia!

Ontem (19) compartilharam numa rede social um certificado de "Honra ao Mérito", que homenageava uma ex-participante de um programa de TV, conhecido por filmar as pessoas dentro de uma casa fechada por 24 horas durantes meses. A menção dizia que a homenagem era endereçada a esta mulher e os seus méritos haviam sido representar a mulher amazonense com honra, dignidade e beleza. Isso mesmo: beleza.

Não entendi esta homenagem.

Honra ao Mérito consiste em um título de virtude dado a pessoas ou organizações que atingiram o reconhecimento público das suas atividades. Este reconhecimento surge, muitas vezes, de uma postura ética para com a sociedade, ou, ao menos, a um grupo relevante desta.
O termo pode também ser aplicado a condecorações militares, por serviços prestados, vitórias em batalhas, bravuras e (ou) tempo de serviço.

terça-feira, 28 de março de 2017

Sobre o Brasil de hoje

Resolvi escrever uma carta a mim mesma. O motivo foi reportar a realidade brasileira atual a mim na posteridade. Espero ler esta carta numa conjuntura bem melhor, quem sabe daqui uns 10 ou 15 anos pra frente tudo esteja um pouco melhor...

O Brasil que vivenciamos hoje - Março de 2017 - está bem complicado, digo a situação social está caótica , economia em baixa, Direitos Constitucionais ameaçados, preconceito e ideologias sexistas ganhando espaço nas redes sociais, machismo tomando fôlego; e posso dizer que o tempo está bem cinzento. A democracia foi encoberta por nuvens de conservadorismo ultrapassado e rasgado.

Este atual cenário político do Brasil começou a se desenhar (em minha concepção), com a aceitação de uma questão processual, em 2 de dezembro de 2015, pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (um político nada ético, que está preso agora), de denúncia por crime de responsabilidade oferecida pelo procurador de justiça aposentado Hélio Bicudo e pelos advogados Miguem Reale Júnior e Janaina Pachoal. Eu, que acreditava ter a nossa sociedade alcançado um tantinho de evolução nessa conquista feminina e aceita pela nação, percebi que as coisas ficariam pior do que eu imaginava. Ter uma presidente mulher, neste país dominado por práticas masculinas não foi algo que a maioria deva ter engolido bem.

Além disso, penso que há alguns anos existe uma espécie de ranço contra as políticas que o governo petista vinha adotando. Coisas do tipo: pobre ter poder de compra, poder estudar, viajar de avião. A minha tese é a de que a burguesia nunca engoliu a classe trabalhadora ascender social e economicamente. Mas, essa é uma tese minha, algo baseada em observação. Não sou nenhuma cientista política, claro!

Fato é que deputados e senadores unidos derrubaram a presidente Dilma Rousseff, no dia 31 de agosto, numa votação com cartas marcadas, um dia terrível para a democracia brasileira. O motivo disseram eles, e gritaram alguns apoiadores da classe mais abastarda pelas ruas: o fim da corrupção.

Assumiu à Presidência da República o  vice Michel Temer, do PMDB. Para mim, jamais ganharia uma eleição no voto direto, pois é sem carisma algum, fraco e me remete um homem medroso e sem brio. Nasceu pra ser vice, e deveria ter caído com Dilma, já que fazia parte de sua chapa.

Naquele dia de agosto o Brasil assistiu atônito ao poder "emanado do povo", representado pelo voto - tão desvalorizado e nunca preferencial e gozado de importância por nós - em deputados e senadores. Porém, pode a sociedade brasileira ter a real noção da representatividade que eles têm nesse regime e modelo de governo que adotamos. "Pela minha família", diziam eles no microfone, justificando o seu voto a favor do impeachment. Nunca pelo povo, que lhe investiu de poder para estar ali, representando a coletividade e não aos seus próprios interesses.

O resultado desse processo : golpe. E agora, o governo vem mostrando suas garras, sendo colocadas em vigor uma série de medidas que vem retirando as conquistas sociais, conseguidas a duras penas pelo povo deste país. E hoje quem gritava pela saída de Dilma, e pelo fim da corrupção, parece ter se arrependido com os rumos que torceu para que o Brasil tivesse.

Trago um pequeno rol das medidas que Michel Temer, o presidente ilegítimo do Brasil vem estabelecendo nesse curto espaço de tempo que se tornou presidente:


Concessões e privatizações

Michel Temer publicou em 12 de maio, no mesmo dia em que tomou posse de maneira interina, uma medida provisória, número 727, que trata de parcerias entre a iniciativa privada e o Estado e de contratos de concessão relacionados a infraestrutura. O chamado Programa de Parcerias e Investimento (PPI) tem o objetivo de eliminar “entraves burocráticos e excesso de interferências do Estado que atrapalham as concessões”.

Mudanças nas regras do pré-sal

Temer anunciou que vai apoiar um projeto já aprovado pelo Senado que altera as regras de exploração do pré-sal. Esse projeto, de autoria do senador José Serra (hoje ministro das Relações Exteriores), retira da Petrobras a obrigação de participar com pelo menos 30% dos investimentos em todos os consórcios de exploração do petróleo ultra-profundo.
Estatizou a TV Brasil- 
No atual governo, o regimento da EBC foi alterado através da Medida Provisória nº 744 de 1º de setembro de 2016, transformando a emissora em uma empresa estritamente estatal, ou seja, completamente subordinada ao governo, decretando o fim de seu Conselho Curador e dando total poder ao Conselho de Administração, formado por seis indicados do governo e um empregado.
PEC da Previdência
Em 6 de dezembro, o governo apresentou ao Congresso, sem nenhuma consulta à sociedade, a PEC 287, maior e mais radical conjunto de mudanças na Previdência Social desde a promulgação da Constituição, em 1988. Apesar da falta de diálogo, entidades sindicais e movimentos sociais têm se organizado para debater o assunto e alertar a população para os efeitos das medidas em debate no Legislativo.
Terceirização 
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello notificou a Câmara Federal hoje (28) para que sejam dadas explicações sobre a aprovação do projeto de lei 4.302, que libera a terceirização nas atividades-fim das empresas, atendendo a um pleito do empresariado que pretende reduzir custos de mão de obra à revelia da CLT.
Muito se reclama nas redes sociais. Até quem pediu a saída da presidente Dilma, e comemorou o seu impeachment, hoje parece meio arrependido frente à tantas medidas nada populares. O povo está falando, reclamando, mas não está sendo ouvido; nas Casas Legislativas, continuam as aprovações sem a menor preocupação com o foro do povo.
A mídia apoia o governo e já se fala em estado de exceção.


segunda-feira, 13 de março de 2017

Se programe, mas viva!

"A vida é curta, então ame a sua vida. Seja feliz", disse o o poeta, dramaturgo e ator inglês Willian Shakespeare - se referindo ao um modo particular de ver e viver a vida; conceito explicado pela expressão latina "Carpe Diem". Há quem concorde com essa perspectiva, porém muitas pessoas atualmente optaram por planejar-se para um futuro, abdicando de uma vida satisfatória no presente e almejando sucesso profissional mais na frente - os concurseiros. 

Retirado de um poema de Horácio, o termo "Cape Diem" é popularmente traduzido como: "colha o dia ou aproveite o momento". É também utilizado como uma expressão para solicitar que se evite gastar o tempo com coisas inúteis ou como uma justificativa para o prazer imediato, sem medo do futuro. Um bom exemplo dessa compreensão de mundo pode ser vista na película "A Sociedade dos Poetas Mortos", obra do diretor Peter Wein, lançada em 1990. O filme traz a estória do professor de Inglês John Keating, introduzido a uma escola preparatória de meninos que é conhecida por suas antigas tradições e alto padrão. Ele usa métodos pouco ortodoxos para atingir seus alunos, que enfrentam enormes pressões de seus pais e da escola. Os alunos são incentivados a seguir seus sonhos e aproveitar cada dia, lema pregado pelo termo supra citado.


Todavia, atualmente é comum a manifestação de pessoas que se planejam com programas de estudos intensivos, buscando uma realização pessoal e profissional na aprovação de um bom concurso público. Estas pessoas dedicam muitas horas de seu tempo em esforços diários intelectuais e físicos até conseguirem a nomeação no cargo que almejam. Esse contexto criou o neologismo, a palavra "concurseiro" - que designa a pessoa que tem como principal meta passar em concurso público e assim se tornar um servidor público.

Portanto, temos aqui uma dicotomia; de um lado indivíduos que valorizam o prazer de um dia bem vivido, e por outro alguém que abdica da alegria do dia presente sonhando com uma felicidade e bem-estar futuros. Existe uma solução para a problemática? Podemos analisá-la citando um dado concreto, retirado de notícia do "Portal O Globo", que afirma ter sido o ano de 2016, recordista em homicídios no Brasil. Outra reportagem do "Portal G1" diz que o homicídio é a principal causa de jovens no país. Se levarmos em consideração esses dados possivelmente entraríamos num questionamento a respeito da aplicação do conceito de se programar para o futuro, pois muitos de nós não o teremos (segundo tais dados explicitados). Por outro lado, podemos observar a parcela significativa que compõe os números que completam as estimativas; e possibilitar a estas pessoas uma expectativa de vida mais longa e - com isso - o planejamento de uma vida futura. Talvez o mais indicado seja ter uma programação - com metas a médio prazo - sem deixar de aproveitar o dia, fazendo o momento (dentro do possível e da responsabilidade segura), valer a pena. Então, Carpe Diem! Mas, não se esqueça de se programar, que a felicidade virá.


quarta-feira, 8 de março de 2017

8 de Março

Neste dia 8 de março, que comemora-se o Dia Internacional da Mulher gostaria de homenageá-las falando sobre uma mulher chamada Maria e que muito me intriga até hoje.

A Maria sobre a qual falarei foi a minha mãe por um breve estalo de horas, apenas 4 - quase 5 anos. É difícil pensar nela sem emocionar-me; é pesaroso falar sobre e é angustiante escrever, pelo simples fato de eu não ter informações suficientes para tal.

Durante muito tempo eu soube quase nada. Uma coisa aqui, outra ali... Falas veladas de parentes, que quase sempre me relacionavam a uma lembrança triste - afinal a morte da minha mãe Maria, aos breves 43 anos de vida, num acidente de carro sem muitas explicações - estava entrelaçada à mim. Durante a minha infância e adolescência eu me sentia mal quando alguém me via e lembrava dela, se emocionava e me remetia ao fato de eu ter ficado órfã tão cedo.

Acredito que isso me fazia tão mal que eu na esperança de fugir daquela situação apaziguava o coração das pessoas dizendo: "Não tem problema, eu já me acostumei". Ou simplesmente fugia daqueles encontros emotivos. 

Eu me sentia frágil e estigmatizada pela dor que eu nem entendia, pois eu não lembrava de nada, inclusive não lembrava dela, da minha mãe. Esta falta de lembranças, de momentos, de afetos me fazia mal também, pois como eu não poderia me lembrar da minha mãe?

Por muitos anos - até bem pouco tempo - eu jamais quis saber sobre nada, não sabia detalhes e nem tampouco conhecia características pessoais dessa mulher. E, as poucas vezes que eu busquei informações, senti que o tempo não havia sido capaz de curar a ferida aberta naquela tarde de março. A conversa era sempre interrompida, embargada e acabava antes mesmo de começar. Então, eu me calava. Porém, vez ou outra eu sentia curiosidade e necessidade de saber mais.

Por causa desse hiato temporal silencioso, acabei perdendo muitas informações importantes sobre a minha mãe, pois mesmo as pessoas mais próximas tendem a apagarem fatos com o passar do tempo. O tempo é cruel com o passado, é como o vento que leva o nome escrito na areia.

Foi então que comecei a pensar que o meu trauma fora tão profundo, que deveriam passar-se anos até que eu pudesse reconhecer o tamanho da Maria em minha vida. Foram dias difíceis aqueles em que eu fui pouco a pouco me dando conta (por ocasião de momentos delicados em que vivi), da falta que uma mãe faz na vida de uma pessoa. Dias nublados, iguais aqueles de março se passaram...

Aos poucos eu fui tendo a coragem e a sabedoria de perguntar e de pensar sobre ela. E comecei a costurar uma colcha com os poucos retalhos que eu conseguir achar. Me perdoem se aqui terei algumas conjecturas irreais, porque alguns traços eu especulei, visto que fui impulsionada a interpretar os resquícios de uma mãe que não me sobrou muito.

O nome dela era Maria; Maria Da Paz Baracho Chaves. Ouvi falar que tinha uma personalidade forte, que era brava (em vários sentidos que esse vocábulo pode ter), vaidosa, independente. Me falaram também  - vejam só - que não era dada às tradições, mas que valorizava relações familiares. Uma mulher amiga, companheira, que nos anos de 1980, numa cidade interiorana como Acari, não tinha necessidade de casar, e o fez aos 29 anos de idade (muito tarde naquela época), casando-se com um homem mais novo 2 anos (incomum para os tempos também), mas que casou na igreja de vestido vermelho (eu nunca consegui saber o porquê) e achei uma tremenda ousadia! Ela dirigia, trabalhava, não gostava de frescura; inclusive ouvi relatos que foi pro hospital pari (me pari no caso), dirigindo ela mesma. Essa Maria fumava escondido do marido e havia decidido parar, porque sabia que poderia lhe trazer malefícios e ela precisava criar seus filhos (segundo relatos de uma prima). Sempre que me lembro dela meu coração aperta e os meus olhos marejam... Eu sinto não tê-la conhecido melhor, sinto por não saber qual a sua cor preferida ou o que gostava mais de fazer. O que eu sei é que ela era uma mulher cheia de vida e luz própria e que não sorria, ela gargalhava! Era a sua marca registrada; um som que eu não guardei em meus ouvidos. Às vezes, muitas vezes eu precisei estar em seu colo e não o tive, porém eu soube (me contaram), que este era o lugar em que eu mais estive enquanto ela esteve perto de mim; em seus braços. O colo de uma mãe é um lugar especial, e apesar de não ter esta lembrança, no fundo eu sei que estar lá foi perfeito. E sei que se ela aqui estivesse, este seria o meu lugar preferido no mundo. 

Neste dia tão especial para a luta das mulheres eu homenageio todas as mulheres, que assim como esta mulher foi todas as Marias em seu contexto social e familiar. Que todas possam ter o respeito que merecem e viver a vida que desejam viver.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Por onde andei

Olá, esta é a minha 1ª postagem deste ano! Nossaaa... Muito tempo sem escrever aqui. Porém, tenho escrito em outros ambientes, escrito em mim mesma e na vida.

Isso é válido também.

Fiquei um pouco afastada do blog por vários motivos: tempo, férias, viagem, amor, sono, outros projetos, estudos, vida. Enfim, andei por aí...

O mais importante é que a palavra escrita ou dita me acompanha todos os dias, e espero que assim seja para você também, meu caro leitor! Pois, a palavra é algo libertador - quando falada ou suprimida. Ela é necessidade até quando deixa de estar.

Pense nisso! Vamos começar as reflexões de 2017?

Voltei!
Milena.