No filme "Sexto Sentido", o personagem Cole Sear, interpretado pelo ator Haley Joel Osme diz em uma cena emblemática: "Vejo gente morta, o tempo todo". Fazendo alusão a esta cena digo agora: "Vejo atrocidades sendo cometidas no Brasil, o tempo todo". Ontem, um vídeo compartilhado no facebook mostrava a ação de policiais militares usando de violência contra adolescentes sentados no chão de uma escola ocupada. Há dias atrás uma matéria veiculada nas redes sociais trazia a manchete dizendo que o Supremo Tribunal Federal (STF), decidia a favor do corte do salário dos que aderissem à greve. Antes disso, os deputados decidiam por aprovar a PEC 241 em votação no plenário da Casa; uma Emenda Constitucional que limita o teto de investimentos em Saúde, Assistência Social, Segurança e Educação pelos próximos 20 anos no Brasil.
Vamos por partes! Não é de hoje que nossos jovens são alvos de críticas, dizem que não querem nada com a vida, que passam os dias desocupados e que os jovens de outrora eram mais atuantes e responsáveis que os de hoje. Ok! Daí, alguns desses mesmos jovens criticados resolvem se levantar e reivindicar direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988, direitos de todos. Ou seja, decidem lutar não apenas por direitos deles e sim pelos meus e pelos seus, e são tratados pela polícia e pelas autoridades como delinquentes. Vi comentários de profissionais de áreas sociais, pessoas que "em tese" deveriam ter um pensamento mais comunitário, na humanização das relações sociais - enfatizando que o direito de se reivindicar estava afetando o seu direito individual por exemplo, pessoas reclamando sobre o direito de fazer o Enem nas escolas ocupadas. Complicado, né? A lógica é: direitos coletivos têm supremacia diante de direitos individuais e qualquer profissional que lide com Direitos Humanos, ou seja todos, deve saber disso. Estes jovens estão reivindicando algo maior que o Enem. Na verdade, sem os recursos o Enem nem existiria agora!
Outra coisa: quem reclama de jovens politizados, que buscam chamar atenção para uma causa social e coletiva, são os mesmos que reclamam da apatia dos jovens diante do mundo, do mercado de trabalho, do voto e das questões que envolvem o país e a comunidade?
Todos nós sabemos que ninguém é capaz de agradar a todos, nem Jesus Cristo foi, é verdade! Mas, vamos dá uma reduzida aí na marcha do carro desgovernado, porque está ficando padrão inatingível saber o que realmente se deseja dessa juventude - que está dando a cara pra bater literalmente por você e por mim. Quanta coragem e ousadia esses meninos têm!
A PEC 241, defendida pelo atual presidente Michel Temer deveria trazer outras situações como redução de gastos desnecessários, como o dinheiro gasto com aquele jantar oferecido por ele na residência oficial dia desses. O Brasil precisa de gestores éticos, que priorizem o que é prioridade como Saúde, Assistência Social, Segurança e Educação, o que este governo infelizmente trata como supérfluo. Complicado entender uma lógica que retira direitos conquistados com sacrifício pelo povo, e enfatiza super salários e benefícios à políticos, desembargadores e cargos de confiança. A classe média alta, a burguesia e os grandes empresários vão ao delírio com medidas como esta PEC, por que será? Essa lógica pregada pelo atual governo está meio sem lógica ao meu ver!
Por fim, e não menos absurdo, o STF coadunar com o corte dos salários dos servidores públicos já é "sem limites" demais, não é mesmo? Onde está o direito à greve? Onde está a voz do cidadão? Quer dizer, o cidadão ainda tem voz?
Penso que estamos tendo muitos direitos cerceados ultimamente no Brasil. E é estranho que isso ocorra num país que diz-se democrático, pois foge aos ideais democráticos conhecidos. Não se pode mais acreditar em mídia, em direitos, em livre expressão, em estado democrático, em soberania do voto popular... As verdades e os pilares estão desmoronando diante de nós. Acredito que vivenciamos uma grave crise no estado democrático de direito.


Nenhum comentário:
Postar um comentário