sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Garotinho é preso no Rio de Janeiro

Viraliza nas redes sociais hoje (18), um vídeo com imagens do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho sendo preso. Nas imagens ele aparece deitado numa maca bastante alterado, acompanhado da filha - que também está bem insatisfeita com a cena.


Garotinho  foi preso por volta das 10h30 desta quarta-feira (16), no Flamengo, Zona Sul do Rio, por agentes da Polícia Federal. Ele é um dos investigados na "Operação Chequinho", que apura o uso do programa social Cheque Cidadão para compra de votos na cidade em 2016.


Duas coisas me chamaram atenção:

Muitos comentários feitos pela população indignada com a reação do ex-governador ao ser preso. 

Palavras relacionadas à corrupção de políticos.

A instabilidade da vida - um dia você é autoridade e passa as tropas em revista (todos lhes obedecem) - no outro, você está sendo preso e contido por elas. Alguém grita: Onde está o bombeiro (no vídeo), o governador do estado é considerado chefe da Polícia Militar e dos Bombeiros também.

A defesa:

Nota da defesa:
O criminalista Fernando Augusto Fernandes, responsável pela defesa de Anthony Garotinho, afirma que o decreto de prisão ocorrido em razão de decisão da 100ª Vara Eleitoral de Campos vem na sequência de uma série de prisões ilegais decretadas por aquele juízo e suspensas por decisões liminares do Superior Tribunal Eleitoral.
“A prisão a qual está submetido o ex-governador é abusiva e ilegal e decorre de sua constante denúncia de abusos de maus tratos a pessoas presas ilegalmente naquela comarca. Estas denúncias de abuso foram dirigidas à Corregedoria da Polícia Federal e ao juiz, que nenhuma providência tomou. Pessoas presas mudaram vários depoimentos após ameaças do delegado. No entanto, o TSE já deferiu quatro liminares por prisões ilegais. A Justiça certamente não permitirá que este ato de exceção se mantenha contra Garotinho.”

Apontamento do dia: não sabemos o dia de amanhã!

Boa tarde, leitor.


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

A intolerância nossa de cada dia

Um comentário numa postagem minha em minha rede social (facebook) me alarmou hoje logo ao abrir a página. A postagem era sobre um filho assassinado pelo pai na terça (15), em Goiânia.

O post trazia a chamada da matéria "Jovem foi perseguido antes de ser morto a tiros pelo pai, diz delegado". Logo abaixo o comentário que me alarmou dizia que o rapaz tinha cara de psicopata de esquerda. É só clicar no link acima para ver a matéria na íntegra.

Foi então que eu me dei conta das coisas estranhas que pensamos e dizemos. Vivemos um tempo de palavras jogadas ao vento, sem nenhum filtro de discernimento. Independente da opinião dada em meu face, chamo atença para uma reflexão: Um pai mata seu filho. Aparentemente o motivo, algo banal: a militância do rapaz na causa estudantil. Causa maior: intolerância, algo tão falado no momento. E a pergunta, indagação, reflexão que fazemos é: Este rapaz morto pelo pai tinha cara (aparência) de psicopata de esquerda?

Pessoal, quem mata alguém talvez possa ser interpretado como psicopata e não quem é morto. Independente de aparência. Outra coisa: de fato vivemos numa realidade construída com base em aparências, entre lados; pois o rapaz segundo a interpretação do do autor do comentário "tinha cara de de psicopata de esquerda".  Aí eu pergunto quem é a esquerda hoje no Brasil afinal?

Complexo, muito complexo esse cenário intelectual e social em que vivemos hoje neste país.

Aqui somos julgados porque usamos barbas, óculos, minissaia, porque feios e bonitos também; porque somos mulheres ou usamos um batom vermelho. A intolerância e a violência passam a ser permitidas se acharem algum esteriótipo que sirva de base para embasar opiniões e ações sejam elas quais forem, sejam elas crimes ou não.

Complexa, muito complexa essa nuvem conservadora e alienadas pela qual passamos.


terça-feira, 15 de novembro de 2016

Por que a judicialização do acesso à saúde mediante provocação do Judiciário vem ocorrendo com frequência no Brasil?



A judicialização não é a melhor alternativa para a saúde pública no Brasil; outro sim, a saída é a otimização no bom uso do dinheiro público, que vem sendo desperdiçado ao longo dos anos de maneira desordenada e sem critério social.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) saúde é um estado de bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de afecções e enfermidades. E segundo a legislação brasileira o serviço de saúde pública deve ser executado numa cooperação entre Estado e sociedade, portanto é um misto de políticas públicas e investimentos econômicos e a ação da sociedade, seja fiscalizando, seja cooperando para que os serviços venham a serem executados de forma correta e justa.

O artigo 196 da Constituição Federal de 1988 traz em seu texto que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Portanto, a saúde é um direito fundamental de todo cidadão e dele deve e pode gozar benefício, estando assim assegurado pela CF/88.

Todavia, o Estado demonstra uma frágil atuação na oferta destes serviços, e apesar de ter altos gastos com o setor, o mesmo não funciona da forma desejável; que supra a demanda existente atualmente. É comum vermos notícias de pessoas que não conseguem usufruir deles e que em muitos caso acabam por provocar a justiça com o intuito de ter seu direito à saúde assegurado de fato.

É neste cenário que surge a busca pela judicialização do acesso ao direito à saúde mediante o Ativismo Social. O termo significa um fenômeno jurídico que exerce uma postura proativa do Poder Judiciário na interferência de maneira regular e significativa, nas opções políticas dos demais poderes. Neste caso em específico, ele se configura quando uma pessoa - vendo seu direito à saúde ser cerceado pelo sistema de saúde público - vai buscar na justiça uma forma com que o seu direito venha a ser restabelecido.

Contudo, apesar de ser um mecanismo de "propagação do direito" o judiciário acaba que decidindo esses casos concretos (quando provocados), em detrimento ao direito individual de quem o provocou, sem - muitas vezes - elaborar uma perspectiva da situação de modo mais amplo, pensando num contexto amplo de direitos de uma parcela maior da sociedade. Dessa forma, decidindo em favor de um indivíduo provocador do sistema, o juiz pode está se utilizando de análise baseada em direitos individuais e difusos, e criando uma microjustiça em detrimento da justiça ideal, que baseia-se no princípio da supremacia do interesse público e da coletividade.

É neste aspecto que o artigo intitulado "Uma análise acerca da efetividade ao ativismo judicial com a garantia do acesso ao direito à saúde" se faz pertinente, quando critica a judicialização excessiva e aborda a supremacia da coletividade como sendo mais justa do que a realização dessa microjustiça. Outro aspecto importante do artigo supra citado versa sobre a interpretação que traz elementos e dados importantes sobre esses casos de interferência do judiciário na garantia do acesso à saúde, pois ressalta que a grande maioria desses episódios vem atrelado à característica de quem tem conhecimento, informação e que comumente provoca esse  tipo de ação na Justiça são pessoas que fazem parte da classe média, ou seja, a população de classe menos abastarda teoricamente não se utiliza, ou não se utiliza tanto, desse ativismo judicial, e isso traria de uma forma macro uma reafirmação de uso do poder judiciário em benefício dos que detém aquele conhecimento e que podem ir atrás do seu direito. Portanto, seria mais uma forma de segregação do que de obtenção e acesso ao direito à saúde, pensando sob outra perspectiva filosófica e social.

Logo, é compreensível que as pessoas procurem a melhor forma (para elas) de ter seus direitos supridos, principalmente falando-se em direitos à saúde, que aprece como primordial na vida de qualquer um. Porém, é pertinente notar que por vários fatores atuais em que os poderes Legislativo e Executivos passem por um descrédito social, atraindo uma atenção e confiança maiores ao Poder Judiciário e ,assim sendo, levante um maior fluxo de demanda na provocação do mesmo para resolução de lides. 

Sobretudo, é interessante uma maior eficácia na utilização do dinheiro público que possibilite políticas públicas na área da saúde pública que de fato se instaurem, como também é imprescindível condutas baseadas na lisura e na ética, condutas praticadas por todos os envolvidos nesta dinâmica, inclusive da população - que em muitos casos age de forma incorreta - vislumbrando apenas o seu próprio benefício em detrimento ao da coletividade. 

E por fim, é importante salientar que o excesso da judicialização se dá principalmente porque o pacto entre a sociedade e o Estado se faz insatisfatório no momento, e é preciso que esse processo social seja revisto, e de maneira notória o ativismo judicial passará de protagonista à coadjuvante; ele será uma exceção e não a regra e não terá tanta incidência como na atualidade.

domingo, 13 de novembro de 2016

A incrível história de David Reimer

Sou uma verdadeira admiradora da Psicologia. Me encanta muitos aspectos dessa ciência, que pode trazer muitas descobertas à vida de quem utiliza suas técnicas.

Muitos aspectos me chamam atenção, e algo muito discutido nos últimos tempos é a questão de gênero, que para muitos especialistas na área da Psicologia tem relação biológica, fatores emocionais e culturais a serem levados em consideração.

Existem muitas definições, muitas opiniões sobre a questão de identidade de gênero (leigas e profissionais), mas o fato é que a nossa mente e estado psicológico definem de maneira crucial nossas escolhas e sentimentos. Nossa vida é muito direcionada por convicções psicológicas e pelo contexto social em que vivemos, e esse contexto está muito relacionado com o comportamento que a sociedade permite/adere ou não em determinados espaços temporais. Algo tido como comum hoje pode não ser daqui a 30 anos, por exemplo.

Uma pessoa que traz bastante este tema ao debate ultimamente é o jornalista Jean Wyllys. Sobre a orientação sexual e identidade de gênero ele explica que a sociedade joga tudo o que se fala sobre este assunto no mesmo balaio: travestis/ transexualidade, homoafetivos e afins. E segundo ele, cada um tem a sua particularidade. (clique e assista o depoimento de Jean Wyllys sobre o tema)

E por falar nesse tema tão polêmico atualmente trouxe um caso, que tive acesso hoje (13) por meio do Instagram. Fui pesquisar e encontrei outras informações e vídeos no youtube à respeito. Algo bastante interessante e resolvi trazê-lo para o blog. Vamos falar sobre o caso do canadense David Reimer!

Resumindo um pouco a história: David Reimer (que chamava-se Bruce ao vir ao mundo) nasceu menino (órgão sexual masculino), e aos 8 meses ao fazer uma cirurgia para retirar a fimose, teve seu órgão sexual mutilado. Daí em diante começara a incrível jornada do mais famoso e extraordinário caso sobre identidade e gênero conhecido pela mídia.

Na época ( década 1970), a medicina não tinha avanços que possibilitassem uma reconstrução do órgão sexual e os pais do garoto ficaram sabendo sobre experiências e estudos do psicólogo John Money, um estudioso na área. O psicólogo afirmava que a identidade de gênero era definida pela Educação.

David tinha um irmão gêmeo univitelino, Brian, nascidos em 1965, eram canadenses de Winnipeg e foram criados como se fossem de sexos diferentes. Logo que seus pais procuram o psicólogo e começaram a tratá-lo David passou a ser  chamado de Brenda. Só que aí Money se provou um tanto equivocado.
“Brenda” odiava brinquedos de meninas, e, como um bom rapaz, rasgava os vestidos e arrancava as cabeças delas. Apesar de praticar um tratamento hormonal que lhe supria estrógeno, com a adolescência o corpo ficou alto e musculoso, sendo que a única diferença (visível) entre os dois irmãos eram os cabelos longos de “Brenda

O jovem passou por uma espécia de "reeducação sexual", direcionada por Money. E, até que que certo dia o psicólogo sugeriu aos pais uma construção cirúrgica de uma vagina.

Nesse processo todo "Brenda" enfrentava vários problemas com sua nova identidade de gênero e parou de tomar os hormônios femininos, o jovem apresentava comportamentos depressivos. Nessa época também David tentou o suicídio algumas vezes.
Após os 14 anos de idade, "Brenda"/ "David", expressava um resultado bem diferente do esperado por Money, foi então que Brenda voltou a ser David, e para isso realizou mastectomias e construiu um pênis artificialmente.
Depois disso, o jovem conseguiu avanços na vida pessoal e casou-se com uma mulher, conseguiu um emprego e vivia como um homem comum. Até que sua história chegou à mídia, as pessoas tomaram conhecimento da sua jornada e logo depois seu irmão gêmeo Brian morreu de overdose, pelo uso de antidepressivos (algo que David se culpou bastante), pois acreditava que seus problemas haviam contaminado o estado de espírito de seu irmão.
Aos 38 anos David se matou com um tiro de espingarda.

Assista a história de David Reimer narrada no youtube.

Recentemente quem assumiu nova identidade de gênero foi Bruce Jenner, medalhista olímpico americano e padrasto da celebridade e social mídia Kim Kardashian, hoje - aos 67 anos, é Caitlyn Jenner.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Mulheres são assediadas diariamente no Brasil, você sabia?

Nóticia do portal G1 afirmou ontem que o corpo da advogada Ariadne Wojcik foi encontrado no Mato Grosso. A jovem havia denunciado um ex-professor por assédio e perseguição em sua página do facebook. As declarações escritas por ela em sua página na internet mostram o desespero da advogada com a situação.




Infelizmente este tipo coisa ocorre todos os dias. Nós mulheres somos vítimas de assédio dia e noite, e agora com o crescente uso da internet, isso ficou ainda mais corriqueiro. Pessoas (a maioria homens), se utilizam do meio para se esconder e burlar a revelação de sua identidade ao assediar mulheres das formas mais variadas possíveis.

Outros, não obstante, não se importam em revelar suas identidades ao "elogiar" uma mulher, e então começam as suas investidas criminosas e misóginas. Isso acontece mais vezes do que imaginamos, pois a partir do momento em que a mulher agradece o elogio ou esquiva-se, o homem precisa saber que ela não quer, não tem interesse e então é necessário que ele pare. Daí para frente é algo unilateral e agressivo!

Atualmente existe um esforço grande de alguns grupos ligados à luta das mulheres no combate dessas práticas, e mesmo assim, ainda muito pouco é denunciado e assim como em todas as violências praticadas contra nós, ainda sofremos com o preconceito e a desconfiança por parte da sociedade - muitas vezes das próprias mulheres - que justificam o assédio ou até mesmo culpam a mulher (assediada) pelo episódio ter ocorrido.

O assédio psicológico, físico, sexual é velado e explícito, neste último caso quando por exemplo você (mulher) posta fotos mais ousadas e a enxurrada de comentários maldosos e sexuais tomam conta de sua "timeline". De alguma forma, as pessoas interpretam que você está se mostrando sensual demais, ou que está querendo/ merecendo propostas ou que a mulher - ao contrário dos homens - não pode revelar seu corpo, algo persistente de uma cultura machista disseminada há bastante tempo no mundo todo.

Você, mulher, faça esta experiência! Tire uma foto de biquíni por exemplo, e espere a quantidade de "elogios", cantadas (offline), que receberá. Fora os julgamentos velados e os olhares inquisitório que passará a atrair na sociedade. Um biquíni (enorme ou minúsculo) - assim como uma sunga de banho masculina - é um traje de banho comum e há muito tempo usado por aí. Não sei qual o problema?!

Nós mulheres ainda temos uma batalha grande a travar sobre tudo isso. Falar sobre esse assunto ainda é um tabu muito grande, imagina denunciar e segurar as consequências, como provavelmente pode ter ocorrido com Ariade, no Mato Grosso, esta semana.





Até quando, mulheres vão ser tratadas a partir de extremos: ou é santa ou puta? Nenhum e nem outro, somos apenas seres humanos, como são os homens. Temos necessidades, desejos, qualidades, defeitos; Nós mulheres temos planos, sonhos, vontades e desejamos respeito pessoal e profissional - independente se fomos feias ou bonitas, se estamos nuas ou bonitas, se somos magras, gordas, gostosas ou não.

Nós mulheres somos portadoras de direitos civis garantidos por lei, e estes precisam do aval social para que se apliquem de fato. Direitos que devem ser reafirmados e reconhecidos, hoje - amanhã e sempre. 

Por todos os lugares e ambientes - reais, virtuais e físicos e imaginários.






quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Política, sociedade e ciclos

Donald Trump foi eleito presidente do Estados Unidos da América. E uma imagem nas redes sociais desta manhã de quarta-feira, 09 de novembro de 2016, me chamou atenção:


A imagem faz alusão a uma possível vitória de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil. Ambos, em cima de um tanque, armados e imponentes. Poder, violência e águia (símbolo da liberdade americana), se entrelaçam no desenho. 

Gostaria de dizer aqui, meu caro leitor, que estou estarrecida e surpresa com a imagem, ou que me surpreendeu a vitória de Donald Trump nos EUA, mas não. Até porque apesar de Hillary Clinton ser uma candidata mulher e de se mostrar um pouco mais "liberal" nas condutas e propostas, não podia ser vista como uma candidata de esquerda por exemplo. A maior potência econômica mundial foi na minha opinião: bem previsível hoje!

Na verdade, surpreendeu-me anos atrás ao eleger e reeleger um negro, descendente de indonésios e quenianos - o atual presidente Barack Obama. Isto foi algo sem precedentes para a história americana. Digo, fiquei perplexa!

Não me surpreendi também com o ocorrido aqui no Brasil há meses atrás, quando um "intelectual esclarecido" como Michel Temer, líder do maior partido de direita brasileiro, tomou o poder - com conivência e apoio dos deputados e senadores - negando a eleição (por voto popular) de uma mulher, sem companheiro (homem) tradicional, representante dos Partidos dos Trabalhadores (que havia reelegido um analfabeto para presidência), e eleita por mais 54 milhões de votos.

Acredito que o que estamos vivendo é uma onda de 'contrarrevolução', quando a direita se levanta e se une contra os avanços conquistados por grupos que antes não tinham voz, que jamais foram inclusos na sociedade e que não apenas não tinham representatividade, como também não se viam como parte integrante deste processo.

É notória a onda conservadora que se instaura atualmente no Brasil, e agora ´nos EUA. Não é Apocalipse e nem o final dos tempos, pois como diz o historiador Leandro Karnal: "O mundo não acaba, o que acaba é a nossa noção de mundo". Nós compomos o mundo; as opiniões, as votações, as guerras e discursos só existem porque pessoas os sustentam.

Para toda ação existe uma reação, diz a 3ª Lei de Newton!

É simples de entender; o que está em jogo é o poder. E a parcela que não o detém, o deseja e faz de tudo para trazê-lo para o seu lado e dos seus simpatizantes. Na verdade, o poder sempre esteve mais do lado dos que gozavam de mais condições econômicas e intelectuais, e se isso havia mudado por um tempo, você não pensou mesmo que iria ficar por isso mesmo não é mesmo? 

Eu vejo que o poder está voltando para as mãos de quem sempre o teve. A casa grande volta a exercer o seu poder de senhorio, e senzala vai aceitar? 





sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Sem limites

No filme "Sexto Sentido", o personagem Cole Sear, interpretado pelo ator Haley Joel Osme diz em uma cena emblemática: "Vejo gente morta, o tempo todo". Fazendo alusão a esta cena digo agora: "Vejo atrocidades sendo cometidas no Brasil, o tempo todo". Ontem, um vídeo compartilhado no facebook mostrava a ação de policiais militares usando de violência contra adolescentes sentados no chão de uma escola ocupada. Há dias atrás uma matéria veiculada nas redes sociais trazia a manchete dizendo que o Supremo Tribunal Federal (STF), decidia a favor do corte do salário dos que aderissem à greve. Antes disso, os deputados decidiam por aprovar a PEC 241 em votação no plenário da Casa; uma Emenda Constitucional que limita o teto de investimentos em Saúde, Assistência Social, Segurança e Educação pelos próximos 20 anos no Brasil.

Vamos por partes! Não é de hoje que nossos jovens são alvos de críticas, dizem que não querem nada com a vida, que passam os dias desocupados e que os jovens de outrora eram mais atuantes e responsáveis que os de hoje. Ok! Daí, alguns desses mesmos jovens criticados resolvem se levantar e reivindicar direitos assegurados pela Constituição Federal de 1988, direitos de todos. Ou seja, decidem lutar não apenas por direitos deles e sim pelos meus e pelos seus, e são tratados pela polícia e pelas autoridades como delinquentes. Vi comentários de profissionais de áreas sociais, pessoas que "em tese" deveriam ter um pensamento mais comunitário, na humanização das relações sociais - enfatizando que o direito de se reivindicar estava afetando o seu direito individual por exemplo, pessoas reclamando sobre o direito de fazer o Enem nas escolas ocupadas. Complicado, né? A lógica é: direitos coletivos têm supremacia diante de direitos individuais e qualquer profissional que lide com Direitos Humanos, ou seja todos, deve saber disso. Estes jovens estão reivindicando algo maior que o Enem. Na verdade, sem os recursos o Enem nem existiria agora!




Outra coisa: quem reclama de jovens politizados, que buscam chamar atenção para uma causa social e coletiva, são os mesmos que reclamam da apatia dos jovens diante do mundo, do mercado de trabalho, do voto e das questões que envolvem o país e a comunidade? 

Todos nós sabemos que ninguém é capaz de agradar a todos, nem Jesus Cristo foi, é verdade! Mas, vamos dá uma reduzida aí na marcha do carro desgovernado, porque está ficando padrão inatingível saber o que realmente se deseja dessa juventude - que está dando a cara pra bater literalmente por você e por mim. Quanta coragem e ousadia esses meninos têm!

A PEC 241, defendida pelo atual presidente Michel Temer deveria trazer outras situações como redução de gastos desnecessários, como o dinheiro gasto com aquele jantar oferecido por ele na residência oficial dia desses. O Brasil precisa de gestores éticos, que priorizem o que é prioridade como Saúde, Assistência Social, Segurança e Educação, o que este governo infelizmente trata como supérfluo. Complicado entender uma lógica que retira direitos conquistados com sacrifício pelo povo, e enfatiza super salários e benefícios à políticos, desembargadores e cargos de confiança. A classe média alta, a burguesia e os grandes empresários vão ao delírio com medidas como esta PEC, por que será? Essa lógica pregada pelo atual governo está meio sem lógica ao meu ver!

Por fim, e não menos absurdo, o STF coadunar com o corte dos salários dos servidores públicos já é "sem limites" demais, não é mesmo? Onde está o direito à greve? Onde está a voz do cidadão? Quer dizer, o cidadão ainda tem voz?

Penso que estamos tendo muitos direitos cerceados ultimamente no Brasil. E é estranho que isso ocorra num país que diz-se democrático, pois foge aos ideais democráticos conhecidos. Não se pode mais acreditar em mídia, em direitos, em livre expressão, em estado democrático, em soberania do voto popular... As verdades e os pilares estão desmoronando diante de nós. Acredito que vivenciamos uma grave crise no estado democrático de direito. 



quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Na internet tudo tem

Nunca foi tão fácil aprender como atualmente!

Falo isso o tempo todo, e a todo momento. Hoje só não aprende quem não quer. O conhecimento está aberto através da internet, e mesmo para aqueles que não gostam de ler existem outras opções disponíveis.

A internet está sendo cada vez mais utilizada e traz uma gama de opções para o usuário, e o que é mais interessante: quase de graça.

Se você quiser estudar sobre Direito, tem. Se você quiser assistir um filme, tem. Se você quiser ter acesso a livros, tem. Se preferir palestras ou aulas, tem. Até montagens de peças clássicas como as de Shakespeare tem: https://www.youtube.com/watch?v=1b4IAbmjoBg

Meu amigo, a internet é um mundo, basta você saber usar essa ferramenta.


Sobre ser altruísta!

Hoje quero falar sobre altruísmo!

Significado da palavra segundo o dicionário: comportamento encontrado em seres humanos com os quais as ações voluntárias beneficiam outros.

Ok. Particularmente acredito muito nesse tipo de ação, e cada vez mais... Quanto mais estudo e aprendo percebo que uma sociedade só evolui se cada um de nós puder doar um pouco de si ao outro, seja da maneira que puder.

Sei, embora, que ser altruísta não é nada fácil. Mais ainda nos dias de hoje - que temos tantas ocupações, tantas distrações e quando estamos muito voltados para nós mesmos. Porém, é válido buscar dentro de nós algum espaço para contribuir. E são tantas as maneiras que existem, que basta pensar um pouco e já encontramos alguma.

Eu, particularmente, sempre pensei sobre isto e analisava uma forma de (voluntariamente) me sentir atuante como cidadã. Mas, confesso, é uma atividade que demanda tempo e dedicação, e que nos pede motivação para nós mesmos e para os demais.

Desde que comecei a dar Oficinas de Redação para o Enem (há umas 4 semanas atrás), vi nesse projeto uma oportunidade de passar o pouco que sei sobre o tema as outras pessoas, meu gosto pela escrita, minhas experiências com a Redação do Enem. Vi que poderia servir para ajudar!

Sinto-me bem e feliz cumprindo este papel, mas percebo que a atividade é bem sofrida, porque enfrenta algumas dificuldades diárias. Alguém me sugeriu que eu cobrasse pelas oficinas, mas acredito que perderiam a razão de ser.

No final, sinto-me agradecida por fazer a minha parte!

Espero que você também possa fazer a sua. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Sobre o ensino público no Brasil

Qual o verdadeiro problema da escola pública brasileira?



Segundo a filósofa contemporânea Viviane Mosé a escola pública no Brasil adota uma metodologia fragmentada, que aliena os alunos e não ensina- os a refletir seus problemas e as deficiências da sociedade como um todo. Ainda para ela, a escola brasileira precisa passar por uma mudança conceitual,  pois não traz a própria vida para o debate de sala de aula - e os estudantes - acabam por expressar uma passividade, a qual impede de se transformarem em cidadãos mais atuantes.

A escola tem um papel importantíssimo na formação das crianças e adolescentes. É naquele espaço que a pessoa tem seu primeiro contato com um mundo externo (fora de seu lar), quando começa a dialogar com o mundo e com as outras pessoas e coisas. A escola precisa ser um lugar de crescimento, aberto, livre e seguro - onde esse indivíduo possa aprender a relacionar-se, a pensar, refletir e atuar da forma mais ética possível. É bem verdade que a escola dá a sua contrapartida e precisa de uma parcela substancial da família, que é de fato quem educa o indivíduo. Não podemos pensar escola sem família!

Contudo, a escola no Brasil passou por diversas etapas até chegar ao modelo que é atualmente, dentre eles, quando já teve um bom ensino, porém se configurava como uma escola dita "Para todos", quando tinha na verdade um caráter elitista, e apenas uma parcela poderia ocupar os seus bancos. Logo depois, transformou-se e adotou um modelo inspirado na educação militar, impondo conhecimento, exigindo notas através de provas, disciplinas e trazendo um conhecimento emoldurado por grades. Ou seja, algo inspirado na cultura de punição, ideia abordada pelo filósofo Michel Foucault em sua obra "Vigiar e Punir".

O conceito defendido por Viviane Mosé (que é também psicanalista e especialista em políticas públicas), traz uma escola que aborde uma metodologia mais crítica, que possibilite formar um cidadão que pense, articule e haja. Para isso, é importante que a sociedade passe a discutir e debater esse modelo vigente e busque novos valores para a Educação. A sociedade também deve sugerir políticas públicas que possibilitem de fato a implantação desse novo modelo. É importante também conscientizar pais e alunos de que a Educação do país - assim como o próprio país - só irá pra frente se todos arregaçarem as mangas e fizerem a sua parte. 

O problema da escola pública no Brasil é complexo, pois passa por uma metodologia obsoleta (que não se encaixa mais na ideia de sociedade atual), é de ordem prática - quando analisamos os investimentos em Educação e no subsídio do professor e é de ordem social e ética, pois a escola é composta de pessoas e estas (todas) devem dá a sua contribuição na solução do problema. Se cada um pensar o problema como seu, a escola pública brasileira poderá avançar. E acredite, os frutos serão infindáveis!


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Nada mudou

A rede social mais utilizada no Brasil é o facebook, já dizem os dados que correm por aí. E nunca antes ele havia sido tão usado em campanha eleitoral, e já que dizem que na internet pode tudo - o rol de possibilidades foi grande.

Nos últimos dois meses tivemos muito bate boca nesse canal, assim como se alastraram fotos, convites para eventos, vídeos bem produzidos ou não, transmissões ao vivo... Uma infinidade de comentários e ofensas, troca de farpas e o que foi mais importante - promessas de que ao final tudo ficaria bem.

Bem, hoje é 03 de outubro. Ontem foi o grande dia, o povo foi às urnas e escolheu quem realmente quis. Tirando aquela "ajuda", que sabemos ainda existe bastante na hora de influenciar o voto das pessoas; imaginamos que a vontade do povo foi soberana! Pelo menos é o que a teoria dita!

Hoje, passado todo o burburinho, abro a página no face e para minha "surpresa" encontro: comentários, ofensas, trocas de farpas... Muitas diretas, outras tantas indiretas. Satisfações sendo dadas, ponderamentos, posições... A falta de respeito entre ambas as partes se perpetua, o desrespeito é escancarado. Percebo que a certeza da impunidade reitera a prática.

O circo continua montado, e no picadeiro como sempre: o povo.

Pensei rapidamente! 

E as promessas de que após o dia 02 ficaria tudo bem, onde estão?

Se nem as promessas dos eleitores estão se concretizando, imaginemos as outras...





domingo, 2 de outubro de 2016

De Hoje


Percebi algo muito interessante hoje na escola em que votei. Após votar, esperei um pouco lá nos corredores, aguardava minhas primas votarem. Por ali passaram muitos, entre e sai de jovens, adultos e crianças. Gente trabalhando, votando, passeando...

Interessante notar as relações que se criam numa campanha de interior; conhecidos que se desconhecem agora, desconhecidos que se tornam melhores amigos também.

Prestando bem atenção a "amizade" é algo bem seletiva nesse período. As pessoas se agrupam pela cor da roupa que vestem, trocam sorrisos e cochichos e se entreolham quando um ou outro passa. Foi uma amizade adquirida a grandes custos: pula pula atrás do paredão, conversas sinceras nas redes sociais, áudios vazados pelo whatsapp ou simplesmente um boato compartilhado com alguém em quem você confia bastante e poderá "sempre" contar ao longo da vida.

É interessante observar os meandros disso tudo de fora. Boa expectadora que sou, um dia conto tudo num livro de "ficção", claro! Para que não tenha eu problemas com a Justiça. 

Porque na "terra que o boi voou", não se pode falar nada; principalmente a verdade. Isso dá um problema danado! 

Enfim é dia 2

Pronto, chegou o grande dia! Dia de votar e ver a mágica acontecer...

DEPOIS DE HOJE, as pessoas voltam a ser quem dizem ser, os casais fazem as pazes, os familiares se amigam, os amigos voltam a conversar, na hora das refeições se dita outros temas, Acari procurará outro assunto pra colocar em pauta.

Nos último dois meses o ódio, o partidarismo, os fuxicos e as intrigas moraram aqui. É cada estória troncha, é cada cena doida e é cada palavra mal dita e mal escrita, que mais parece novela das 21h. Daquelas que de tão surreal você acaba achando que tem algo de verdade e de comum com a vida que leva.

Entre ano e sai ano e tudo se repete. Que bom que hoje é dia 02! Dia demorado pra chegar... Vai logo, por favor!


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Ontem, hoje e sempre

Artigo escrito e publicado em 2014, e infelizmente, ainda muito atual.


A cada dia eu comparo o clima político-partidário que se instaurou em Acari (nos últimos anos) com o fanatismo e a intolerância religiosa. Agora, mais que nunca, o desacordo colorido do cenário eleitoreiro acariense se transformou em motivo de guerra. Uma guerra declarada e aberta. Que não escolhe personagem, mas que pode favorecer à personagens e mártires inesperados.

Ultimamente as ruas e os lares de nossa terra foram tomados por canhões e balas trocadas. Numa cidade, que de tão pequena, chegamos a conhecer a todos pelo nome, o nosso vizinho tornou-se - de repente - um terrorista capaz de nos atingir a qualquer momento. Um inimigo!

Não quero entrar no mérito e no julgamento (que cada um e todos fazem todo dia), porque nos discursos apaixonados não cabem (e aí digo de ambos os lados), olhar para o seu próprio rabo e reconhecer em si um pensamento/fala proeminente de uma manipulação que fazemos interiormente, e com isso, interiorizamos e reafirmamos nossas convicções. Assim sendo, em nossa mente e coração estamos sempre certos. O nosso partido é o melhor, nossos representantes são os mais éticos e nossas bandeiras as mais justas!

Não se engane meu caro, você quando profere suas ofensas ao seu amigo de outrora, está expelindo o que tem de mais cruel, disfarçado de boas intenções e sentimentos puros. Você reitera sua opinião aos quatro ventos, sem entender como o outro (seu amigo de antes e agora oponente) não comunga de sua fé. E falando em fé, não tentemos julgar se não queremos ser julgados. Esse é preceito básico da vida espiritual! 

Quero fazer-lhe um chamado; você que vai todo domingo à missa (por exemplo), e que sem perceber quebra seu pacto com Deus e com a fé, ofendendo seus irmãos e usando de “sua boa fé”, para incitar o pior sentimento (por causa de "política" ou de qualquer outro motivo banal), que a humanidade já foi capaz de permitir-se: o ódio. Pense e repense se está no caminho correto!

Não esqueça dos exemplos que fomos capazes de produzir com nossa bondade humana. São holocaustos pontuais e diários - guerras mundiais, que explodiram vidas num cogumelo nuclear nipônico, que em nome da paz, fez apenas uma coisa: guerra.

Você acha que está certo: julgando, criticando, se defendendo às custas da derrota e rebaixamento dos outros (sem respeitar os costumes sociais), se declarando a você e aos seus inocentes? Não esqueça você que até Hitler reconhecia em si uma forma pura de reafirmar a sua doutrina, mesmo que pra isso fosse preciso exterminar milhões de pessoas, pelo simples fato  desse alguém PENSAR DIFERENTE do que ele julgava certo.

Portanto, tenhamos cautela com o que nossas bocas e corações proferem ser o caminho a ser seguido, pois todos os ditadores antigos ou recentes tinham e têm consigo mentes tranquilas com relação às decisões arbitrárias, que tomam e defendem. 

Deus nos deu um bem precioso chamado livre arbítrio; cabe a cada um de nós arbitrar livremente da maneira mais justa possível, pensando não apenas em nós, mas nos outros também. Porque o seu filho é o outro para mim, da mesma forma que eu sou “o outro” para você.

Não façamos de nossas vidas “intifadas acarienses” encouraçadas de bons motivos e recheadas de ódio e política distorcida. Tenho medo, muito medo desse discurso inflamado, que tenho visto por aí. As redes sociais se transformaram em praças de guerras. Um lugar onde deveríamos celebrar e estreitar relações sociais modernas.

Nossas palavras e línguas são como canhões que podem causar ferimentos mortais, eles podem ir além da morte, pois ferem o corpo e atingem a nossa alma. Suas sequelas são infindáveis e incalculáveis! 

Receio acordar um dia e me deparar com um fanático (ex amigo meu) se explodindo em frente à igreja matriz. Porque da intolerância de um homem bomba, que vocifera sua fé sequestrando aviões, e amigos que se enfrentam em tom de ira - após uma celebração de fé cristã, ou após uma manifestação partidária – infelizmente não vejo diferença alguma. 

Ambos são tolos, pois não aprenderam que a religião e os partidos apenas segrega-nos, assim como a política que vocês estão defendendo a "ferro e fogo". O que tenho a dizer é algo bem simples e de fácil constatação: o maior ensinamento espiritual que já conheci até hoje – une, integra e faz bem. Sabe do eu estou falando? De um sentimento que pouco temos enaltecido ultimamente em nossa terra. 

Falo sobre amor!

O partido, a cor, o número

Texto republicado - escrito em 2014


Artigo
Por Milena Chaves




Alguns comentários, fatos e até brigas me chamam atenção em Acari. Tudo relacionado não a Política, e sim relacionado ao que alguns fizeram com ela. Aqui, quem deveria brigar pelo interesse do bem público ou do melhor funcionamento da sociedade, faz o contrário. A campanha eleitoral passou, mas sobrou o discurso raso e a falta de interesse em aprofundar o debate. Nessa terra, as questões sociais do município não importam. As pessoas não importam. O que importa é o partido, o número, a cor.

Veja bem! Por traz dessas letras existe uma cidadã. Seu partido: a cidadania, seu número: o RG, a sua cor: cor de gente.

Paremos pra pensar no sentido e na origem da palavra Política! Segundo Aristóteles, vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda comunidade se forma com vistas a algum bem, pois todas as ações de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhes parece um bem.

Penso que a vida em sociedade requer certos laços de união, que há muito foi esquecido por aqui. Pessoas se levantam contra o próximo e se ofendem, se digladiam em praça pública. Não parece ser isso o certo. Onde está a moral, a ética, a educação, o interesse comum? Na terra das cordilheiras, as amizades são pisadas pelas picuinhas! O respeito é massacrado pela baixaria. Com isso tudo, Acari só perde. Quem ama essa terra não comunga com essa atitude... Perdemos nós cidadãos, acarienses.

A vergonha me toma a cada instante, por saber que faço parte de uma sociedade tão insana, que se disfarça de família, prega valores e só destrói. São pessoas, pais, filhos, irmãos, profissionais, que colocam uma paixão política e, por isso mesmo, irracional- em primeiro plano. 

Parecemos muito mais animais rosnando uns para os outros, que homens. Nós batemos nos peitos e gritamos aos quatro ventos, mas uma voz interior sopra na consciência, dizendo que algo está errado. O dinheiro e o poder reinam... Por entre as ladeiras as vozes, ou melhor, os cochichos ecoam. Os mexericos, as intrigas. Acari não pode fazer nada, somos nós quem podemos!

As cadeiras se mexem; os aplausos e vaias se alternam. É trágico e cômico, cômico e trágico. Mais ainda: é humilhante e “degenerador” o que deixamos acontecer, o que fazemos acontecer. Só posso crer no caos do sistema imaginado por Marx. É a avalanche final do início do fim! 

Mas a culpa não é do novo tempo, é culpa nossa, minha e sua. É culpa do homem velho que vive no tempo novo, e que faz o velho querendo que o novo aconteça. Nós somos os agentes transformadores. Está em nós o poder de fazer melhor e diferente; de permitir que a sociedade melhore e evolua. Será que de fato estamos fazendo algo sobre isso?




Reflita! 

Sempre "alienistas"

Olá, amo esse texto (escrito em 2014) e decidi republicá-lo hoje, porque julgo pertinente mais uma vez. 


Dias atrás uma amiga (a quem mantenho carinho e respeito) mencionou em um comentário o grande escritor Machado de Assis. Ela me fez lembrar, ou melhor, relembrar o autor pela segunda vez esta semana. O caso é que dias atrás estava eu a escrever o texto “Do medo que eu tenho do fanatismo”, e Machado de Assis me veio no pensamento. (cheguei a comentar isso com pessoas próximas)

Pois bem, quando escrevia o referido texto, buscava personagens, figuras de linguagens ou fatos reais, nos quais pudesse ilustrar o meu pensamento sobre o tema abordado. Nesse ínterim, a obra “O Alienista”, de autoria dele pareceu-me uma rica analogia.

Elucidando melhor... O conto machadiano fala sobre Simão Bacamarte, um psiquiatra de renome que volta para sua terra natal (Itaguaí), uma cidade pequena onde almeja se dedicar à profissão. Lá, o médico desenvolve seus estudos e funda um manicômio. E segundo sua teoria, as pessoas que desenvolvessem algum distúrbio no comportamento social por menor e absurdo que fosse (em sua concepção) seria internado. O problema é que em determinado ponto da estória 75% da população de Iguaí estava internada na Casa Verde (esse nome foi dado pelo autor ao hospício. A casa poderia ser cinza, rosa, marrom). Mas foi aí que tudo deu um nó!

O negócio é o seguinte: meu pensamento literário encontrou barreiras... Barreiras tolas e levianas, acredito.

A relação que eu pensava em fazer era entre Itaguaí- Acari (ambas cidades pequenas), o clima que se instaurou na cidade (do texto) e o clima de ofensas que nossa cidade acompanha.

Mas a casa era verde! E eu não quis dar margem para mais desentendimentos.

E voltando à minha divagação sobre as duas cidades, por mais que eu tente não consigo ver lucidez nessas picuinhas partidárias, que permitimos e enaltecemos aqui. Portanto, na maior parte das vezes, me parece bem insano nosso comportamento ultimamente. Não parecemos usar nossa inteligência e sabedoria para conviver em paz. Tem gente assim aos montes, e cada dia os noto mais. Daí eu pensei que boa parte de nós (se morássemos em Itaguaí) seríamos colocados no manicômio pelo dr. Bacamarte, "o alienista".

Porém, apesar de ter enxergado entre o texto de Machado de Assis e nossa realidade cotidiana uma semelhança, não julguei que meu texto seria bem compreendido e mudei a comparação. Mesmo assim, houve quem (e acredito que muitos que não se manifestaram publicamente, o fizeram mesmo assim), tenha se sentindo ofendido, porque em sua cabeça "alienista" pressupõe que eu tenha um lado definido no cenário político acariense.

Moral da estória: eu recuei! Principalmente porque não quis ser mal interpretada e fui. Eu quis falar da situação de maneira genérica, sem tomar partido de A ou B, mas mesmo assim fui taxada. Recebi elogios e críticas e aceito todos.

Mas apesar de ter eu reprimido a minha expressão literária, informo que não o farei novamente.

Descobri com essa experiência, que não vale a pena limitar minha produção intelectual, com receio das interpretações maliciosas, pois sempre haverá aquele que não entenderá o seu propósito. Por mais nobre que ele pareça para você próprio.

Portanto, paciência. Escreverei livremente!

Por favor! Não me pode, caro leitor. O escritor é como uma árvore, seus frutos: as palavras.

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