Adoção é um gesto de
amor; pelo próximo e por si. Neste sentido o filósofo prussiano Immanuel Kant disse
décadas atrás que o amor é algo importante, quanto mais o temos, mais fácil
será nossa passagem pelo mundo. Para tanto, é possível notar que apesar de
adotar ser um gesto positivo, a realidade da adoção no Brasil ainda é permeada
por questões muito específicas de uma sociedade que luta há tempos contra o preconceito de classes sociais e de cor.
Além disso, é notório que o contexto
cultural do sistema de adoção de pessoas em nosso país tem raízes numa questão de educação da população.
A partir dessa
perspectiva é importante discutir o cenário das crianças aptas a serem adotadas
no Brasil, pois dados recentes dizem que mais de 40 porcento delas são denominadas
pardas e que mais de 60¢ dessas crianças (nesta situação) têm irmãos dispostos
a serem adotados também. Por outro lado, outros dados relevantes confirmam que
o perfil mais procurado por casais são de crianças de 0 a 3 anos, idade esta
que figura entre a menor parcela dos meninos e meninas que buscam por uma nova
família. Portanto, causando um problema evidente entre a oferta e a procura;
aspecto que denuncia o pensamento
preconceituoso de uma parcela significativa dos adotantes brasileiros.
Além disso, é preciso
refletir sobre o contexto educacional
da sociedade brasileira, a mesma que ao longo da história conviveu com
desigualdades oriundas de uma mentalidade classista, herdada da colonização
portuguesa e de um pensamento escravocrata, algo que até hoje está arraigado no
imaginário do nosso povo – a qual distingue pessoas por situação financeira ou
por cor da pele. Tudo isso atrelado a uma educação pública deficitária e ao acesso desigual entre a população de
alta e baixa renda aos serviços básicos oferecidos pelo estado. Esses
fatores acabaram por aprofundar uma educação
e uma sociedade pouco inclusiva, algo que vem mudando com o tempo por aqui,
porém que ainda existe.
Portanto, os problemas relacionados à adoção no Brasil
precisam ser vistos com cuidados especiais pela sociedade e pelo governo.
Dessa forma, vale investir em propagandas institucionais (financiadas pelo
governo federal), que busque dialogar com a sociedade sobre os dramas das
pessoas que não têm lares biológicos saudáveis e a real situação do tema “Adoção”
no contexto brasileiro. Bem como, se faz necessário discutir o perfil que é
imposto pelos adotantes, alertando para a demanda e os perfis das crianças
aptas à adoção, debatendo em eventos, simpósios e seminários - abertos à sociedade
e com parcerias das escolas - o tema em questão. Tudo isso possibilitaria uma
aproximação das famílias e dos próprios jovens; nesse sentido, poderemos
vislumbrar um cenário mais favorável para a problemática no Brasil.
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