“Pai, acabou-se a
farinha, e o querosene da cozinha. No feijão "gurgui" já deu”.
Essa linda canção povoa os meus pensamentos sertanejos...
Apesar das mudanças
sociais que estamos vendo no Nordeste, nossa situação ainda está bem longe da
sonhada. Principalmente aqui no nosso Sertão, as coisas são mais difíceis...
Falta
oportunidade de emprego, falta renda, falta água.
Sempre que vejo alguém comentando desse pessoal que vai tirar safra lá longe no Mato Grosso, e que morre de saudades de casa e da família eu faço uma viagem há um tempo em que nem nascida era. Eu penso num tempo que não vivi, que conheço apenas das estórias que meu pai me conta saudoso.
Sempre que vejo alguém comentando desse pessoal que vai tirar safra lá longe no Mato Grosso, e que morre de saudades de casa e da família eu faço uma viagem há um tempo em que nem nascida era. Eu penso num tempo que não vivi, que conheço apenas das estórias que meu pai me conta saudoso.
Naquele tempo,
o açude Gargalheiras tinha bastante água. Conta-se que chegou a sangrar com uma
lâmina d’água tão grande que a ponte do Rio Acauã era lavada pela água! Meu
avô, minha mãe e meu pai trabalhavam numa grande empresa de beneficiamento de
algodão que tinha muitas filiais, uma delas em Acari, situada lá no bairro
Petrópolis (SANBRA). Conta-se que quando acabava o expediente à tardinha, o sol
a se pôr no céu, e aquela ruma de gente descendo a ladeira voltando pras suas
casas, após um dia inteiro de labuta.
Uma amiga
sempre me conta também do tempo que a rádio difusora funcionava na praça do
coreto. Ao ouvir suas lembranças eu embarco e viajo no passado, numa Acari
mágica e distante - bem diferente da de hoje.
Eu amo minha
cidade! E quando estou longe meu coração sofre de saudade. Por isso me
entristeço com a realidade desses homens que deixam (todos os anos) suas
famílias aqui e vão buscar emprego em outra região. A gente queria mesmo era
viver em nossa terra! Eu sei que hoje temos muitos avanços em tantas áreas,
principalmente tecnológicos. Porém, tenho saudade da vedete do Seridó que não
conheci. Porque parece que o passado era melhor que o presente! Isso parece
ilógico porque na minha cabeça, quanto mais o tempo passa, mais se deve e se
tenta evoluir. Então, de alguma forma parece que evoluímos pro pior e isso não
é bacana!
Agora, acabou
a SANBRA, a difusora e água derrama – fraquinha suas últimas gotas de
misericórdia. Quando ela chega aqui em casa, vem tão devagar que parece chorar
seu lamento derradeiro. Dá dó! Enquanto escrevo essas palavras meus olhos
marejados de lágrimas estão; ouço um triste tilintar. É o som da água que finda. Ela que antes chegava plena, forte em nossas casas - agora sai engasgando do cano. Sabe quando a gente toma um pouco d'água e se engasga? Cospe o que ficou...
Logo ela, que sempre nos trouxe tanta emoção e alegria, transbordando majestosa sobre a parede do Gargalheiras... Espetáculo!
Logo ela, que sempre nos trouxe tanta emoção e alegria, transbordando majestosa sobre a parede do Gargalheiras... Espetáculo!
Fico pensando
comigo mesma... Será que Acari (como alguns mencionam de vez em quando) é a
cidade “do já teve”?
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